segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Nós E OS OUTROS

SIMPLESMENTE HOMO SAPIENS
“Nasci na Ucrânia há 39 anos, mas com 6 mudei-me com a família para Moscovo. Sou russo de nacionalidade porque vivi na Rússia mais de 30 anos e tenho passaporte russo.
Há 2 anos deixei a Rússia com a minha mulher e duas crianças para me instalar em Portugal, abrindo a minha própria empresa: uma incubadora e aceleradora de startups na área da Inteligência Artificial. Aqui já nasceu o meu terceiro filho, que só tem um ano e é o único oficialmente português.
Em 2019 tinha vindo a Portugal para ver fazer uma avaliação, que resultou ser positiva. Escolhi este país para viver por razões práticas, mas não só: o lado prático é que aqui é rápido tratar dos documentos para obter a cidadania. O lado mais emocional é o bom clima e as bonitas paisagens. Não posso dizer que todas as pessoas são acolhedoras, depende da sua qualidade de vida. As pessoas em sofrimento não conseguem ser tão amistosas.
Sinto que fui sempre bafejado pela sorte. Nunca vivi mal. Talvez o maior desafio que tive de superar foi mesmo a deslocação da família que criei, para um outro país. Do meu país, não tenho saudades senão de pessoas. Gostaria de ter os meus pais e o meu irmão por perto, mas eles ficaram na Rússia e não querem vir, pois consideram arriscado.
Não me sinto verdadeiramente ucraniano, nem russo. Sinto-me um estranho; às vezes, simplesmente um Homo sapiens! (sorriso triste)
Sinto uma pena profunda de ver o estado de guerra entre os meus países de origem, provocado não por um homem apenas, para por ele e um conjunto de pessoas que o rodeiam.
Olho para a Europa como a melhor representação de um mundo sem fronteiras; como se se tratasse de um único país, havendo respeito pelas diferentes expressões culturais das suas regiões. A Europa devia ser um país chamado Estados Unidos da Europa. Considero a Europa, o melhor ‘país’ para se viver.
Sonho com o fim da guerra. Já nem abro a televisão para não sofrer com as imagens que vejo. Tento explicar aos meus filhos de 9 e 6 anos a minha visão das coisas, mas um dia ser-lhe-ão contadas 'justificações' enviesadas sobre uma guerra que nunca devia ter existido. Isto foi um erro estúpido de uns quantos homens.”
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