terça-feira, 3 de outubro de 2017






Sebastião da Gama


Portugal

10 Abr 1924 // 7 Fev 1952

Poeta/Professor




7 Poemas

Meu País Desgraçado


Meu país desgraçado!…

E no entanto há Sol a cada canto

e não há Mar tão lindo noutro lado.

Nem há Céu mais alegre do que o nosso,

nem pássaros, nem águas…




Meu país desgraçado!…

Porque fatal engano?

Que malévolos crimes

teus direitos de berço violaram?




Meu Povo

de cabeça pendida, mãos caídas,

de olhos sem fé

— busca, dentro de ti, fora de ti, aonde

a causa da miséria se te esconde.




E em nome dos direitos

que te deram a terra, o Sol, o Mar,

fere-a sem dó

com o lume do teu antigo olhar.




Alevanta-te, Povo!

Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,

a calada censura

que te reclama filhos mais robustos!




Povo anémico e triste,

meu Pedro Sem sem forças, sem haveres!

— olha a censura muda das mulheres!

Vai-te de novo ao Mar!

Reganha tuas barcas, tuas forças

e o direito de amar e fecundar

as que só por Amor te não desprezam!




Sebastião da Gama, in 'Cabo da Boa Esperança'

Sem comentários:

Enviar um comentário