segunda-feira, 23 de outubro de 2017

OBRA REGª














A VOZ DO TEU SILÊNCIO…

…chama-me, por entre perfumes da natureza!
Imagino-me a abrir teu perfume
quente
em doce aroma que, de repente,
apaga a incerteza…


Conversam, os dois aromas…o teu e o meu.
Combinam encontrar-se, num ponto escondido do céu.
Feliz, por nenhum se pôr de parte,
viajo nos meus sonhos, sem amarras nem contratempos,
sustendo o desejo que tenho de amar-te.

O sol pende da colina…
…e não há filosofias que expliquem o movimento
delirante dos sentidos
que te chegam aos ouvidos…

Leio na noite uma cumplicidade harmoniosa…
A Lua aparece no céu, pomposa de brilhantes…
Há nas minhas bibliotecas, livros que ensinam o amor…
Não quero saber deles…

Quero saber o que o teu ardor
me vai ajudar a sentir.
Quero enroscar-me no leito…
…brincar , no teu peito ansioso
e corresponder ao amplexo, louco e gostoso,
do fascínio…
… a ouvir a voz dos teus silêncios!

Piam os pássaros, contornando a terra, ansiosos, como eu,
por conhecer o teu céu!
Se não o conheço eu, que querem os pássaros saber
deste momento que é meu?
Perto das roseiras, solto os cabelos
e colho neles um perfume rubro.
Cheiram os pinheiros a resina pura
e cheira o meu anseio a idade madura…

Tacteio teu odor e sinto-o tremer!
Meus dedos caminham pelas tuas vias…
…pelo teu sabor a lendas de amor…

Há flores ardentes nos esconderijos do prazer…
…fissuras a encher de amor…
…lava de vulcão a arder em flor…

E perco-me-toda eu!-na floração da tua primavera- outonal
com hálito a mar, num dia de sol…

Meus olhos fecham-se para ver os teus…
Meus braços estendem-se e tocam os teus…
…loucura de neblina sensual…
Cai chuva, na rua…água viril que transpira o Agora,
num sedento lençol de noite azul…

Maria Elisa Ribeiro
DEZ/o11

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