De DOMINGOS LOPES
OPINIÃO O fogo e os comentadores do terceiro e quarto mundos É lamentável que o Presidente da República vá a Oliveira do Hospital para alinhar com a ideia de que está em causa o futuro do Governo. 20 de Outubro de 2017, 6:28 Partilhar notícia 0PARTILHASPartilhar no Facebook Partilhar no Twitter Partilhar no LinkedIn Partilhar no Google+ Enviar por email PUB Acabaram de se realizar eleições autárquicas que são normalmente favoráveis aos partidos da oposição, mas não foi o caso. Não foram eleições legislativas, mas não há ninguém que não saiba que a leitura seria outra, se o resultado fosse favorável à oposição. PUB A direita perdeu claramente, independentemente do resultado de Assunção Cristas, que vive e progride à custa do PSD e não dos outros partidos. Cristas quer continuar a cavalgar no terreno do centro que o PSD deixou ao abandono ao galgar para a direita. Duas semanas depois das eleições com expressão clara de apoio à política de devolução de rendimentos aos portugueses, ocorreram incêndios nunca vistos, que no domingo, dia 15, atingiram a enormidade brutal de mais de 450. Tal tragédia provocou quatro dezenas de mortos e destruições devastadoras de bens. O país viveu um domingo de verdadeiro apocalipse; a convergência de problemas que existem na floresta há décadas com condições climáticas únicas. Certamente que houve, tal como se retira do relatório da Comissão Independente, erros de avaliação do que sucedia e omissões que poderiam evitar tantas mortes nos incêndios de Pedrógão e nestes últimos. O Governo fez seu o relatório e propõe-se levá-lo a prática no que concerne às suas conclusões. Nestas circunstâncias, o que está em causa é não só a (in)capacidade para responder a estes desafios, como também o que veio acontecendo ao longo das últimas décadas de abandono do interior, transplantando o país para o litoral. Não há ninguém que de boa-fé o possa ignorar. Estes incêndios, independentemente de responsabilidades circunscritas ao seu alastramento, não resultam do nada. Explodem com toda a brutalidade porque resultam claramente de uma ausência de um projeto de desenvolvimento para o interior do país. O interior não dá votos. Ou dá poucos, porque a agricultura, tal como existia há 50 anos, não tem futuro. Os incêndios acontecem porque o país cresce desmesuradamente no litoral e vai morrendo no interior. E até hoje o que todos os governos fizeram foi agravar a situação. Sócrates quis-nos fazer crer que o que o interior precisava era de auto-estradas... Passos e Cristas de acabar com os serviços florestais... É dessa medida que Passos tem vergonha? Para fazer frente a mais de 500 ignições em dois dias era preciso que os meios da administração interna vivessem exclusivamente para a tarefa de apagar incêndios, o que é uma demagogia inqualificável. E nem assim tais meios seriam eventualmente suficientes. Quando das televisões nos chegam as vozes dos nossos concidadãos aterrorizados a pedir ajuda, há alguém que acredite que a ajuda não chega porque quem pode e deve ajudar se nega a fazê-lo?Continuar a ler
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