terça-feira, 24 de outubro de 2017

OBRA REGª











Poema :

DE UM SOPRO…

-uma ave caiu no seio da noite e fez estremecer
o solo,
que dormia a germinar a semente-----
------suavemente dormia------

-uma cotovia branca amava uma cotovia negra
de longos cabelos cor do anoitecer-

-as árvores da floresta, solidárias e confidentes,
ofereciam o pouso das folhas
àquele amor inocente e incauto-

De um sopro…

-os pelos da terra que repousavam no chão, acordaram
e eriçaram-se na beleza dos bailados de amor
das aves, em voltas ritmadas pelo ar…

De um sopro…

. texturas, de ódio urdidas,
condenaram a ousadia da inocência…

e um caçador, sem biografia
inscrita no livro da harmonia,
decidiu ser hora de acabar
com toda aquela alegria,
que alagava os ares do seu mundo, pequeno e hostil…

De um sopro…

sob as ruinas das ervas agrestes--------repousa, agora---------
a memória da floresta enamorada pelas cotovias…
tal como a das cotovias que amavam na floresta-----------------

Maria Elisa Ribeiro

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