"A RESISTÊNCIA"...
... EXISTIU ABRIL
Muito antes da minha sílaba…ainda em tempos distantes, onde era o ANTES… havia já uma voz antiga-em-mim…uma voz escondida…uma voz de Abril-cravo-livre.
Como se nada mais houvesse para aprender, essa voz libertou-se das grades ,
tal ave que foge das águas revoltadas do pulso do mar ,a perder-se, esvoaçando,
pelos flancos da montanha, cantando bagas-mil…
Tudo isso, ainda antes da sílaba entrar na palavra a murmurar Poesia…
…ainda muito antes…
…e como se o sol não voltasse a agarrar os dias entre os braços de luz,
as flores abriram-se às manhãs de primavera ,com a força de uma seiva
que seduz…
E Abril, tal como a “Primavera” de cravos-de-aromas-mil, foi Sol de pouca dura!
Depois do Passado obscuro, rota- falhada-do rumo, papel rasgado no cesto da esperança-sem-Esperança, abismo a gravar numa folha de papel…será Abril só se o Poeta-Houver!
De Abril, a empresa fracassada…
…o poema incompleto…
…o sorriso apagado pelo verme-infecto…
…uma pátria -sem-Pátria, domada pelo monstro abjecto…
Que empresa? Que projecto? Que mundo?
De Abril, os olhos amargurados…
…os sorrisos sem alma…
…os rostos embaciados de angústia…
…a astúcia prepotente do agente dominador,
tirano sem honra ou assomo de valor…
…peçonha que engoliu cravos-flor-liberdade…
Emudeceu, bruscamente, Abril, na mão do poeta-sonho-verdade!
No peito luso, a chaga infecta!
A Poesia quase chora uma Derrota…
É Hora de reerguer a bandeira. de acordar o cipreste. de correr de este a oeste,
num norte-a-sul a limpar a peste!
Fala, Poeta, enche a boca de odores de rosas esfareladas!
Inspira a Liberdade!
Espalha-a pela cidade onde o sangue escorre da Palavra Sofrida!
________________________________________Há-de Haver- Abril!
Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
NOV/2013 — com Rogério Manuel Madeira Raimundo e 49 outras pessoas.
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