terça-feira, 21 de janeiro de 2014

POEMA:









Poema


AQUI-DO-OUTRO-LADO



Transporto comigo, num recanto de segredo, a palavra e o seu silêncio, meu norte e meu sul, minha pátria e meu exílio.

Procuro meu continente desabitado-de-mim, num arquipélago- onde-sou.

Aspiro a ouvir a fala do eco das sílabas que, em corda bamba, me vão dançando na ponta dos dedos, ébrias de eternidades….efémeras, quem sabe? determinadas, talvez…

Mastigo o tempo passado na cronologia, acomodado ao sofrimento presente-a-descarnar-sentimentos, donde parece que estive ausente.

Matéria viva da alma num espaço próprio do cosmos, a palavra permanece na calma tarde do poeta, até que se torne arma…

…arma-devoção…
…oração-em-luta…
…libertação-escrita…

Diz-me o sol que o dia começa cedo, em revoadas de raios fulgurantes.
Sinto, no entanto, que estou sempre do outro lado do dia, na noite que tarda em ajoelhar-se perante a luz radiosa, que anima e seduz.

E minhas palavras vão navegando-até-ser,por rios e por baixios de sílabas arrebatadas a implorar a hora de ver o dia brilhar.

Do outro lado, de mansinho, os dedos do poema vão surgindo…
E não há lago, nem rio, nem sombra do oceano que os obrigue a atracar, que os force a navegar por estranhas rotas de saudade,
se eu não estiver junto a ti, amor,
que foste meu ventre quente,
meu palmeiral enternecido em odores originais
a descerrar as pálpebras de pérolas orientais…

Sabe a paus de canela e a odor de jasmim
_______________________________o dia que vai nascendo , em poema,
_______________________________________________ dentro de mim!


Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
(MERR-Marilisa Ribeiro)MSG)-OUT/013-REG:CR

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