Leonor Teles

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 Nota: Para a realizadora portuguesa, veja Leonor Teles (cineasta). Para outros significados, veja Leonor, rainha de Portugal.
Leonor Teles de Menezes
Leonor Teles, a aleivosa
Dona Leonor Teles,
consorte do rei D. Fernando I
Rainha de Portugal
ReinadoMaio de 1372 – 22 de outubro de 1383
Regente de Portugal
Reinado1383 – 1384
 
Nascimento1350
 Trás-os-Montes e Alto DouroPortugal
Morte1405 (55 anos)[1]
Sepultado emConvento de la Merced, em ValladolidEspanha[1]
CônjugeJoão Lourenço da Cunha
Fernando I de Portugal
DescendênciaÁlvaro da Cunha
Beatriz, rainha de Castela
Afonso de Portugal
CasaTeles de Meneses
Borgonha
PaiMartim Afonso Telo de Meneses
MãeAldonça Anes de Vasconcelos

Leonor Telescognominada a Aleivosa (Trás-os-Montes e Alto Douroc.1350 – Tordesilhas27 de abril de 1386 ou 1390-1406[1]) foi rainha de Portugal entre 1372 e 1383, pelo seu casamento com Fernando I de Portugal. Foi regente de Portugal de 1383 a 1384.

Vida

Leonor era sobrinha de João Afonso Telo de Menesesconde de Barcelos, descendia por seu pai Martim Afonso Telo de Meneses do rei Fruela II das Astúrias e Leão e, por sua mãe Aldonça Anes de Vasconcelos,[2] de Teresa Sanchesfilha bastarda do rei Sancho I de Portugal.

Ainda muito jovem, Leonor casou-se com João Lourenço da Cunha, filho do morgado do Pombeiro. O casamento foi anulado, pois o rei Fernando quis casar com ela, rompendo o noivado que tinha com a filha do rei de Castela, também ela de nome Leonor.

Leonor Teles foi a primeira rainha nascida em Portugal. Foi regente por alguns meses e foi afastada depois duma revolta.

Rainha

Estátua de Fernando I e Leonor Teles em Leça do Balio

Conta-se que, numa altura em que visitou a irmã Maria Teles, aia da infanta Beatriz, o rei Fernando I de Portugal ficou loucamente apaixonado por Leonor — que Fernão Lopes descreveu como sendo "louçana e aposta e de bom corpo (…), com suas fremosas feiçõoes e graça", querendo-a tomar por amante. Leonor resistiu e o rei ficou sabendo que só a teria por via de casamento. Alegando-se uma remota consanguinidade, foi obtida a anulação do primeiro casamento de Leonor Teles e preparado o casamento com o rei. Isto motivou uma enorme reprovação popular, a revolta foi reprimida e manchou negativamente a imagem da rainha.[3]

O casamento público com o rei ocorreu no Mosteiro de Leça do Balio, em 15 de maio de 1372, havendo notícia de que teria sido precedido por um outro, este secreto, ainda em 1371. Leça do Balio era pertença da Ordem do Hospital, o prior era Álvaro Gonçalves Pereira, pai de Nuno Álvares Pereira.[4] Em fevereiro de 1373, nascia a infanta Beatriz. Nesse mesmo ano, na altura da segunda guerra fernandina, a rainha armou por sua vontade Nuno Álvares cavaleiro, ficando o jovem, com cerca de treze anos, escudeiro da rainha.

Temendo o prestígio do infante D. João, que se casara com sua irmã Maria Teles de Menezes,[5] Leonor concebeu o plano de casar o infante com sua filha Beatriz. Mas para isso era preciso eliminar Maria Teles de Menezes, sua própria irmã, acção por que terá sido responsável, ao insinuar que esta seria adúltera. João, enfurecido, matou a mulher, e apresentou-se como viúvo disponível à cunhada, que logo o acusou de homicídio, tendo sido preso e exilado pelo crime cometido, afastando assim um temível rival ao trono. Seguindo a mesma linha, em 1382, mandou prender em Évora, outro cunhado: João, mestre de Avis e com ordem de execução. Valeu a João a ajuda do conde de Cambridge e foi solto.[6]

As rainhas de Portugal contaram, desde muito cedo, com os rendimentos de bens, adquiridos, na sua grande maioria, por doação. Leonor Teles, através de doação de Fernando, recebeu Vila ViçosaAbrantesAlmadaSintraTorres VedrasAlenquerAtouguiaÓbidosAveiro, bem como os reguengos de SacavémFrielasUnhos e a terra de Melres, em Ribadouro. Trocou Vila Viçosa por Vila Real em 1374 e adquiriu Pinhel em 1376.[7]

Em 1382 terminou a última guerra fernandina. No ano seguinte é assinado o tratado de Salvaterra de Magos que estipula as condições de paz e quem seria o próximo rei.

Crise de 1383–1385

Ver artigo principal: Crise dinástica de 1383–1385
Morte do Conde de Andeiro (Museu Nacional Soares dos ReisPorto)

Com a morte de Fernando em 22 de outubro de 1383, Leonor assumiu a regência do reino e o seu amante, João Fernandes Andeiro, passou a exercer uma influência decisiva na corte.[8] Esta ligação e influência desagradavam manifestamente ao povo e à burguesia e a alguma nobreza que odiavam a regente e temiam ser governados por um soberano castelhano.

D. Joãomestre de Avis, apoiado por um grupo de conspiradores, entre os quais o jovem Nuno Álvares Pereira, que terá tido a ideia original, e Álvaro Pais, foi incentivado pelo descontentamento geral a assassinar o conde Andeiro.[8] A acção ocorreu no paço, a 6 de dezembro de 1383 e iniciou o processo de obtenção da regência em nome do infante João, mas este foi preso pelo rei de Castela.[9]

Leonor abandonou Lisboa, fiel ao mestre de Avis, e refugiou-se em Alenquer e depois em Santarém, cidades fiéis à causa da rainha, onde tentou manobrar politicamente a sua continuidade no poder. Álvaro Pais propôs à rainha casar com o mestre de Avis, mas ela recusou.[8][9] Com o desenvolver do conflito entre o mestre de Avis e o rei castelhano, a regente perdeu espaço de manobra e acabou por ser constrangida a abdicar da regência a favor de João I de Castela e de Beatriz, sua filha, a esposa do rei castelhano.

Com a vitória do partido do mestre de Avis na guerra civil e contra Castela, este tornou-se regente e depois rei. O rei João I de Castela, genro de Leonor, logo em 1384, pouco depois dela ter renunciado à regência, havia-a internado no Mosteiro de Tordesilhas, perto de Valladolid, onde, segundo alguns historiadores, faleceu em 1386. No entanto, referências do cronista castelhano López de Ayala, seu contemporâneo, dão-na como viva em 1390 ou até 1406.[1]