NO OMBRO DA NOITE
É num cobertor de musgo, que as velhas pedras
se agasalham, nos outonos.
e o vento, louco, bate contra os muros que,
contra ele ,o homem levanta.
É hora. Deito-me. Penso-me.
No leito, minha boca fechada só é capaz de dizer
palavras como saudade…solidão…silêncio…ansiedade…
Não me visita, sequer, a tua sombra,
quando aqui não estás…
E o vento é de uma insolência feroz…
… bate à janela de contínuo, a lembrar a tua voz,
quando do monte descias,
em alegres correrias, feliz, carente, veloz.
A lua repousa no ombro da noite…melancólica,
sem vontade de misturar-
se com o vento,
na sua tremenda voz.
Os meus ombros, esses estão sós…a minha boca está só…
… meu peito nem sente as mãos da noite distante…
…diferente como o castigo, que o céu dá a um penitente.
As palavras continuam a crescer e a aparecer…
Sou forçada a dormir com elas, porque não fogem de mim…
Mas, se pudesse… se me deixassem… afastava-me eu delas…
Mesmo assim,
não sei se conseguiria esquecer-me de ti de ti…
NOV/020
©Maria Elisa Ribeiro
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