O SOL NOIVO DA POESIA
À beira do regato que corria perto,
valentemente conhecedor do seu caminho,
sentia que as águas
apanhavam a boleia do vento
e deslizavam por baixo do fino véu cinzento
das agradáveis neblinas do amanhecer.
Arredadas as cortinas, janela aberta para os rumores do
mundo,
sentia as palavras excitadas
a soltarem-se na beleza da manhã
que ,como por magia, alvorecia.
O vento arrastava o fumo do nevoeiro e consigo levava,
contra os muros do quintal, as folhas das macieiras, das
perfumadas
laranjeiras-em-flor, das pereiras de diversos tempos...
ao mesmo tempo que lambia as dálias fogosas dos meus
canteiros,
tratados com a luz e a cor do sol
que
se adivinhava.
Fresca manhã de Outono em que o frio já se anunciava, lentamente.
O som das Palavras, presas no meu tecido orgânico, fazia-se
ouvir,
fascinado que estava nos meus dedos,
ali
perto da água do ribeiro, que corria.
©Maria Elisa Ribeiro-PORTUGAL
Tos os Direitos Reservados
JAN/2021
Sem comentários:
Enviar um comentário