PASSAPORTE PERDIDO
O sol abriu a manhã e é do peitoril da janela
que, depois de acordar me ponho a pensar,
permitindo no rosto o fresco do orvalhar.
Assim debruçada, fixo os olhos nas fronteiras do mundo
que o céu azul me permite visitar, mesmo sem poder viajar.
Mas sonho, também!
O passaporte na mão permite-me a Ilusão de chegar,
pelo menos,
até à Infância que já fica tão longe,
e que acabei por perder nas naturais rotas do caminho...
Viagem impossível...
Já a perdi e dói saber que, pelas palavras,
ela, a Infância,
me segura neste Presente, de um Passado que também já FOI.
O céu mantém a sua Inocência de pensamento azul, salpicado
aqui
e ali pelo corpo de pequenas nuvens,as quais sendo embora
mais velhas que eu,
sabem ter o Futuro
assegurado nas mãos da abóbada.
“Viajar. Perder países.”(palavras de Fernando Pessoa)
Quero ver todas as estrelas que ,da Infância até aqui,
até este AGORA,
me têm dado
o brilho que a noite promete a quem se submete ao amor.
Com o meu olhar e a beleza do passaporte na mão
derramo-te, noite, na cadência dos versos que trouxe do ENTÃO
ao som de um coro de cigarras que se foi perdendo nos anos
do PASSADO-
-NESTE- PRESENTE,
até não sei que viagem da VIDA.
©Maria Elisa Ribeiro
Direitos Reservados
Maio/021
Sem comentários:
Enviar um comentário