quinta-feira, 10 de junho de 2021

POEMA

 


PASSAPORTE PERDIDO

 

 

O sol abriu a manhã e é do peitoril da janela

que, depois de acordar me ponho a pensar,

permitindo no rosto o fresco do orvalhar.

Assim debruçada, fixo os olhos nas fronteiras do mundo

que o céu azul me permite visitar, mesmo sem poder viajar.

 

Mas sonho, também!

O passaporte na mão permite-me a Ilusão de chegar,

pelo menos,

até à Infância que já fica tão longe,

e que acabei por perder nas naturais rotas do caminho...

Viagem impossível...

Já a perdi e dói saber que, pelas palavras,

ela, a Infância,

me segura neste Presente, de um Passado que também já FOI.

 

O céu mantém a sua Inocência de pensamento azul, salpicado aqui

e ali pelo corpo de pequenas nuvens,as quais sendo embora mais velhas que eu,

sabem  ter o Futuro assegurado nas mãos da abóbada.

 

“Viajar. Perder países.”(palavras de Fernando Pessoa)

 

Quero ver todas as estrelas que ,da Infância até aqui,

 até este AGORA,

 me têm dado

o brilho que a noite promete a quem se submete ao amor.

 

Com o meu olhar e a beleza do passaporte na mão

derramo-te, noite, na cadência dos versos que trouxe do ENTÃO

ao som de um coro de cigarras que se foi perdendo nos anos do PASSADO-

 -NESTE- PRESENTE,

até não sei que viagem da VIDA.

 

 

 

©Maria Elisa Ribeiro

Direitos Reservados

Maio/021

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