sábado, 14 de abril de 2018













POEMA:

O DEVANEIO-LÁ-LONGE

Vou pela vida a desistir-num-constante-renascer.
Sou Primavera e Outono, a correr…
Tudo o que sou, junta-se, continuamente, a tudo quanto já fui.

Memórias retornam, a cada momento em que me debruço sobre a folha
de papel onde, como que por magia,
as letras se encadeiam e fazem nascer Poesia.

……………………letras quentes, ansiosas por se revelarem como segredo escondido
…………………..na beleza de pétalas rubras-em-aroma-alegria.
………………..…letras loucas, pedaços de pedras do rio, forçadas a resvalar
…………………..a caminho de um Além, Lá-longe-no-devaneio.

A vida nasce diariamente e espreguiça-se sob os raios brilhantes
[de um sol maior
que se arrasta pela terra a abraçar montanhas serenas, mares revoltados
[flores em germinação plena e 
[grãos de trigo, em seara ondulante,
[refrescada pelos sonetos de Florbela. 

Tranquilidade-intranquila
a desta pequena península do tamanho da Humanidade
onde os barcos adormeceram tontos,
cansados dos mares revoltos de beijos que sabem a sal…

*Desistir não é viver*

Sigo, então, pela via-do-renascer-nómada,
num livro de viagens que me conduz ao velho continente
[dos rudimentos da Poesia.

Encadeio rotas e rumos nas palavras,
louras algas agitadas em brumas de memórias
sepultadas nas areias de desertos, ensopados de loucuras.

Já fui Restelo de Belém…
Já fui “Ilha dos Amores”…
…fui Alcácer-Quibir, também! 


Fui alegria e fui dor!

Nos intervalos-de-mim tento ser poesia-ventre de ouro e sol,

…papoila- vermelho-vivo- a- fugir
de um areal partido ao meio, 
por força de um temporal.

Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
REG:DEZ/013

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