Poema de Rosa Lobato Faria, in Net:
“Guardei na gaveta de baixo
a flor que trazia nos dedos
à hora de adivinhar-te.
a flor que trazia nos dedos
à hora de adivinhar-te.
Primeiro
foste apenas uma ideia
que me segurou na porta
da cozinha quando ia
meter numa garrafa verde
um malmequer amarelo.
foste apenas uma ideia
que me segurou na porta
da cozinha quando ia
meter numa garrafa verde
um malmequer amarelo.
Fiquei ali
à espera que te transformasses
em certeza ou em música.
à espera que te transformasses
em certeza ou em música.
Lembro-me que havia um sol bonito
a enquadrar a cesta dos pimentos
a enquadrar a cesta dos pimentos
Lembro-me do chiar mansinho
da panela da sopa
da panela da sopa
Lembro-me do gato.
Olhou-me
e li nos seus olhos feiticeiros
o recado que os teus ainda não podia dar-me
e li nos seus olhos feiticeiros
o recado que os teus ainda não podia dar-me
sou que tinhas sido arremessado à praia do meu corpo pela espuma desfeita
das vagas de setembro.
das vagas de setembro.
Como um grão de areia
uma pepita de ouro
um búzio
uma pepita de ouro
um búzio
Pude então mover-me andar
sorrir de novo
abrir a gaveta de baixo
sorrir de novo
abrir a gaveta de baixo
guardar a flor do meu segredo.”
― Rosa Lobato de Faria, A Gaveta de Baixo
― Rosa Lobato de Faria, A Gaveta de Baixo
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