"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
segunda-feira, 2 de outubro de 2017
Paul SIMON in observador.pt.especiais
Faz 75 anos e escreveu algumas das canções mais marcantes do último meio século no mundo. Este é o Top5, incompleto e injusto como qualquer top que se preze.
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“The Sound of Silence”
“Mrs. Robinson”
“The Boxer”
“Bridge Over Troubled Water”
“50 Ways To Leave Your Lover”
Nem os movimentos de Jagger nem a pinta de Lennon nem a pose de Dylan. Simon nunca teve nada disso. Para ser justo, também não teve o génio deles, mas não lhe faltam propriamente grammys, obras na Biblioteca do Congresso e inclusões nas listas dos maiores de sempre da Time e da Rolling Stone e da Billboard. A verdade, porém, é que teve sempre aquele ar discreto de senhor da papelaria. Outras lendas dos anos 60 subiam ao palco como quem ia liderar a revolução, conquistar o mundo, fazer amor com tudo quanto mexesse num raio de dez quilómetros; Paul Simon aparecia sempre com aquele ar pacato de quem ia animar o serão do grupo de jovens cristãos (ainda que, na realidade, seja judeu). É, muito provavelmente, a estrela com o ar mais anónimo de sempre – e isso, por muito que não se queira ser superficial, não ajuda na altura de nos lembrarmos dos maiores. E, no entanto, escreveu algumas das canções que mais nos têm acompanhado a vida inteira. Nasceu a 13 de Outubro de 1941. É fazer as contas.
“The Sound of Silence”
Paul Simon e Art Garfunkel conheceram-se aos 11 anos quando participaram na mesma produção de “Alice no País das Maravilhas” no teatrinho da escola. Começaram a cantar juntos logo aos 13, mas, depois, pararam para ir fazer coisas sérias como ir para a universidade estudar literatura, no caso de Simon, e matemática, no de Garfunkel. Quando se voltaram a encontrar, aos 22 anos, Simon trazia esta canção no bolso, então com o título no plural: “The Sounds of Silence”. Sob o nome Tom & Jerry ou, ocasionalmente, Kane & Garr, o duo tocou-a ao vivo em clubes, até ao dia em que Tom Wilson estava na plateia. “The Sounds of Silence” foi justamente o tema que convenceu o produtor a levá-los para a Columbia e assinar contrato para um álbum de estreia… na condição de passarem a assinar com os verdadeiros nomes. Assim nasceu oficialmente o duo Simon & Garfunkel e se evitou uma batalha jurídica com um gato e um rato da banda desenhada que não ia ser bonita de se ver.
Só que o dito LP de estreia foi um fracasso. “Wednesday Morning 3 A.M.” não vendeu mais umas miseráveis três mil cópias, Simon achou que era melhor ir pregar para outra freguesia – Londres, este caso – e Garfunkel uma boa altura para ir ensinar à miudagem com quantos paus se faz uma raiz quadrada.
Estavam assim os artistas postos em sossego quando, sem que nada o fizesse adivinhar, “The Sound of Silence” foi rodando nas madrugadas das rádios de Boston. Depois, foi descendo a Costa Leste até à Flórida, captando a atenção dos ouvintes mais noctívagos: os estudantes. Talvez tivesse qualquer coisa a ver com a letra, densa e simbólica (não era em vão a formação de Simon em Literatura – e, já agora, o ser filho de uma professora do ensino primário e de um professor universitário). Se algo de indiscutível prevalece nas suas canções até hoje, é a evidente qualidade dos poemas. O tema estava a tornar-se num pequeno fenómeno de culto. Tom Wilson volta então ao estúdio e, sem que os intérpretes originais fizessem a menor ideia, faz uma nova gravação do tema, com um overdub em que adiciona novos instrumentais executados pelos músicos com quem gravara “Like a Rolling Stone” para Bob Dylan: Al Gorgoni e Vinnie Bell nas guitarras, Bob Bushnell no baixo e Bobby Gregg na bateria. O processo não é fácil, já que se deparam com erros no tempo da gravação original, que acabam por solucionar parando num dterminado momento da canção para permitir que as vozes os apanhem e que há de escandalizar Simon da primeira vez que ouvir a gravação. Todavia, o que importa é que “The Sound of Silence” é relançado em Setembro de 1965, cerca de um ano
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