domingo, 30 de maio de 2010

POEMA :"MISTÉRIO..."


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“MISTÉRIO…”


Figura intrigante…
Coberta pelo negro manto da noite
serena ,nos ruídos que não há,
andar oscilante
quase titubeante,
naturalmente a vaguear, errante,
intriga aquela figura inquietante,
imersa nas interrogações do seu EXISTIR…

Adivinha-se um corpo insinuante de jovem mulher
no transparente véu que a cobre,
protegendo-a dos cúpidos olhos do MAR…

“Que tormento interior te faz perscrutar o horizonte nocturno,
saturado da respiração do monstro de ÁGUA,
em forma de nevoeiro denso e brumoso?
Serás princesa reinante ou mulher ferida por esse oceano
inquietante,
que te deixou assim, ferida…?

Nem me mexo…
Observo o ar alucinado daquele corpo inquieto,
tal EU,
quando me perco de MIM
à procura da OUTRA que devo ser…

De repente, o mistério adensa-se.
Aves marinhas, gaivotas desconsoladas,
acercam-se do vulto belo!
Acordaram ao som dos gemidos, que soltava
a figura da bela criatura!
(teceram um círculo à volta dela?!)
Ali ficaram, por horas, como que rezando
os soluços que já conheciam…
Não dormiam…Não falavam…ESTAVAM!

Tempestades calmas de LUAR
abrem as nuvens , de quando em vez…

No silêncio das rochas, batidas pela maresia,
confortadas com as ondas que lhes batem todo o dia,
deixei de ver a figura esguia!

Regressei ao meu refúgio…
Pouco depois, já dormia…

C8H- (mis)- 10/48- MAIO/10

quinta-feira, 27 de maio de 2010

OSCAR WILDE


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Recordar OSCAR WILDE (1854-1900)

Oscar wilde (O.W.), escritor, pensador, poeta, ensaísta do SÉCULO XIX, nascido na IRLANDA, de boa e estruturada família, que afirmou,”gostar só de si próprio” ou então”que é muito fácil de se contentar, porque só gosta do melhor”, sofreu, em vida, as consequências do seu doentio narcisismo, que os farisaicos, vitorianos, hipócritas, de língua inglesa, nunca perdoaram, por ele ser diferente… ser, realmente, melhor.
São célebres as suas frases de profundo pensador, que se projectaram na cultura ocidental, para sempre, desde que a sua obra começou a ser famosa e devidamente estudada.
Sua mãe, uma grande poetisa e seu pai, famoso cirurgião, nomeado CAVALEIRO DO REINO (SIR), deram-lhe uma educação esmerada, nas melhores instituições de Ensino, ao que ele correspondeu sendo um aluno brilhante, em todas as áreas; mas a genética puxava para as Letras e Estudos humanísticos e ei-lo, aos poucos, a fazer jus a essas capacidades.
Privou com escritores de renome como GEORGE BERNARD SHAW, WALT WHITMAN (poeta americano), WORDSWORTH LONGFELLOW (americano) e outros vultos literários de que me não recordo.
Escreveu obras em prosa e em verso, que ainda hoje lemos com um gosto “tocado, quer pelo Romantismo, quer pelo Realista; mais românticos os versos, mais realistas as obras em prosa.
Quem não leu “O Retrato de Dorian Grey”?”Um Marido Infiel”?”O Leque de Lady Windermere”? E quem não leu, está sempre a tempo de ler, pois o acesso a estas obras, é hoje, fácil.E foi em “O Retrato de Dorian Grey”, que talvez tenham começado os grandes problemas da sua vida… A sociedade britânica invejava-lhe quer o talento, quer a “figura” e o modo de viver. Ecoavam boatos sobre a sua sexualidade… Nesta obra literária ele tratou o tema da homossexualidade. Teve a coragem de o fazer! A inveja olhava para aquela pessoa que se arranjava demasiado bem e que, como tipo humano, dava nas vistas, por ser lindo, rico, bem apresentado! (Não se admirem, amigos,porque hoje, séculoXXI a inveja continua a ser o pior dos defeitos, nomeadamente na nossa sociedade, no emprego, na vida…)
Além de lindo era inteligente: aluno de notas elevadas em todas as matérias, ganhou imensos prémios literários, tendo sido o primeiro o “OXFORD NEWDIGATE PRIZE”,pelo seu poema “RAVENNA”(1878), dedicado a esta histórica cidade italiana, perto da qual vivi três anos, sem ter conseguido ver todos os monumentos!Nesse poema ,alude a várias figuras da cultura transalpina, nomeadamente a DANTE, que lá está enterrado, a LORD BYRON que por lá andou espalhando os seus encantos nas muitas mulheres que amou. Tenho nos meus apontamentos, amarelinhos, do tempo da FACULDADE, um pequeno extracto desse poema que trata a influência do Luar nos sentimentos humanos, matéria que me é tão querida em tantos dos meus poemas. E transcrevo:
(…)
“Adieu! Adieu! you silver lamp, the moon,
Which turns our midnight into perfect noon.
Doth surely thy towers, guarding well
Where DANTE sleeps, where BYRON loved to dwell.(…)
Portanto, uma parte dos efeitos do luar na vida de RAVENNA…

Casado e com dois filhos, sua mulher pediu o divórcio, assim que se espalharam abertamente as vozes do seu romance de amor com ALFRED DOUGLAS(“BOSIE”), 9º marquês de Queensberry, cujo pai odiou o poeta até lhe dar cabo da vida, por exercer “más” influências sobre o seu “pobre filhinho”…OSCAR WILDE foi julgado ,em tribunal, considerado culpado e teve que cumprir mais de dois anos de prisão. Isto abalou-o de tal modo que, como disse atrás , foi o princípio do seu fim. Foi viver para PARIS , continuou a escrever mas o sucesso, esse desapareceu. Foi um grande pensador, como também já disse. Gosto de muitos dos seus pensamentos, dos quais destaco :”Um homem pode ser feliz com qualquer mulher…desde que a não ame!” ou então: “A América é o único país que passou da barbárie à decadência, sem ter tido, pelo meio, qualquer laivo de civilização!”

OSCAR WILDE

quarta-feira, 26 de maio de 2010

POEMA: "ALENTEJO EM DOR...!


Alentejo ardente!
À beira das estradas, o sol queima
sem sequer aquecer!
Árvores sedentas, agonizam lentamente
sob esse sol abrasador.
Choram as poucas lágrimas da seiva
com as quais se vão alimentando,
à espera de novas gotas de água,
que cairão chorando…
…chorando de pena por tanto tardarem
para as alimentar!
Raros sopros de vento fazem oscilar
as ervas e os arbustos, fraquitos,
que procuram fugir a tão tórrido tormento.
Sofro com a dor destes seres
no seu elemento natural ,arfantes e doridos!
Tal como eles, também sofro de sede…
…sede de alegria, de paz, da harmonia das risadas sonoras,
denunciadoras de um espírito sereno.
Quero essa chuva abundante em mim,
quando as minhas nuvens rebentarem…por fim!


C8H-11/AB/09

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Poema: "À esquina de tudo...


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“À esquina de tudo…”

À esquina
Do Tempo
Jaz
A permanente
Vontade de SER

Emoção universal…
Tristeza indizível…
ALCANÇAR… POSSÍVEL?

Grávidas
As palavras
Vão assentando
Poeiras
Enquanto explodem
Sentidos de outras palavras
Curvadas
Subjugadas
Ao parto
Lento

Interrogação permanente…
Ironia? AUSENTE…

Cortina de fumo
Névoa do abrupto
És, tempo, meu doirado reduto…

Código genético
De antepassados
Perpetuados
Na loucura

SUSPIROS PENDENTES
DAS GENTES QUE FORAM…

Mensagens perduram.

País do futuro questionado,
Quando partes?
Anseio ver-te CHEGAR…
Das brumas
De certa HISTÓRIA!


C7G-(MST)-44/49-NOV/09

domingo, 23 de maio de 2010

Breve Viagem pelo SURREALISMO



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O SURREALISMO: breve apontamento…

Movimento artístico surgido em França, nos anos vinte do passado século, só muito mais tarde, por volta dos anos 50 chegou ao nosso país, através do chamado Grupo Surrealista de Lisboa, ao qual pertenceram, entre outros, nomes como MÁRIO CESARINY, (M C.) ALEXANDRE O’NEILL e ANTÓNIO PEDRO.
Defendiam, os surrealistas, uma arte, absoluta e completamente livre, onde se desse lugar à expressão do inconsciente de qualquer artista; nesse aspecto, advogavam técnicas de escrita e de pintura essencialmente, em que estes se socorressem do automatismo, da metáfora transfiguradora, do sonho, do símbolo e do insólito.
O Surrealismo teve vários nomes, dos quais destaco:”SUPRA REALISMO”, SUPER REALISMO” e ,em PORTUGAL, chegou mesmo a ser chamado”SOBRE REALISMO”.
Veio-me à memória o tratamento, sem pretensões, desta temática, por ter visto, há dias, no jornal, uma alusão ao nome de Mário CEsariny, a propósito da obra, literário/, musical, que é “a História do Soldado”, obra de 1918 que Charles-Ferdinand Ramuz escreveu e que STRAVINSKY transformou em obra musical.
A obra é baseada em contos tradicionais russos e foi traduzida pelo nosso surrealista (M.C.), tendo sido levada à cena no Museu do Oriente, apresentada pela Orquestra Metropolitana.

Lembrei-me, por este motivo, de recordar, de ligeiro, o movimento surrealista português, na pessoa do seu mais importante representante, entre nós, que foi MC.Este movimento literário começou em França por influências de Rimbaud, Apollinaire e André Breton, entre outros. Recordemos que o princípio do século XX foi tormentoso, nomeadamente na Europa onde Houve uma Primeira Grande Guerra de 1914 a 1919. Tempos conturbados levam toda a espécie de intelectuais a debruçarem-se sobre as sociedades; como sempre, “cada cabeça, sua sentença”e aparece um manancial de ideias como ajuda para a reconstrução do Mundo!
Mário Cesariny privou, em Paris, nestes tempos, com André Breton. Assimilou-lhe as ideias que eram, inclusivamente, influenciadas pelas teorias de FREUD…
Segundo os Surrealistas, não devia o homem fugir da realidade dos factos, mas sim enfrentá-los para conseguir sobrepor-se aos mesmos. Mas esta realidade de que os intelectuais falavam não é a dos acontecimentos corriqueiros do dia-a-dia e sim a dos factos recalcados no seu interior; o homem devia avançar no seu interior profundo, para ver se encontrava soluções para os seus problemas; e aqui está, sem tirar nem pôr, em meu modesto entender, o acto introspectivo frutuoso, aquele que praticamos quando “falamos” connosco próprios e conseguimos ver como somos… cada um de nós!
O discurso poético moderno de HERBERTO HELDER, que vai de encontro às posições assumidas pelos poetas de “POESIA-61”, nomeadamente FIAMA HASSE PAES BRANDÃO, Mª TERESA HORTA E LUIZA NETO JORGE, passando por RUY BELO, JOÃO RUI SOUSA E CASIMIRO DE BRITO, privilegia associações vocabulares livres e descoordenação semântica, dando lugar à Imaginação. Vejamos este pequeno poema de ALEXANDRE O’NEILL:


“A mosca Albertina que ele domesticava,
Vem agora ao papel, como um insecto-
Insulto,/Mas fingindo que o poeta a espera.

Quase mulher e muito mosca,
Albertina quer o poeta para si,
Quer sem versos o poeta.
Por isso fica, mosca-mulher, por ali…”

Mas é Mário Cesariny, nascido em Lisboa em 1923, o maior representante da “escola surrealista”portuguesa depois de se ter encontrado com André Breton, em Paris, em 1947.este poeta da vida francesa conseguiu, com o expor das suas ideias, determinar o enveredar de Cesariny pelos caminhos poéticos do novo movimento literário que alastrou na Europa, entre as duas grandes Guerras. É de notar que as origens poéticas de M.C.estão fortemente marcadas por influências REALISTAS/PARNASIANISTAS, nomeadamente de CESÁRIO VERDE, e do movimento futurista de FERNANDO PESSOA, que “bebeu”essas ideias do italiano MARINETTI e que sublimou essas influências na célebre “ODE TRIUNFAL”, da autoria do heterónimo ÁLVARO DE CAMPOS.
Não contente, porém, com o rumo do Surrealismo português, Cesariny criou o “GRUPO SURREALISTA DISSIDENTE”, onde deu azo à sua própria versão do movimento ao cultivar tudo o que fosse Absurdo, insólito e Inverosímil . É claro que os ideais surrealistas se estenderam a todos os ramos da ARTE, em geral: pintura, cinema, escultura, literatura onde passaram a dominar a fantasia, o devaneio, o louco, o excessivamente louco!
Foram surrealistas o artista plástico SALVADOR DALI (conhecido pelas suas excentricidades), Luís Bunuel, o cineasta, ARPAD SZÉNES e VIEIRA DA SILVA…
Um dos quadros de DALI que melhor representa este movimento artístico é o célebre quadro “A persistência da memória” ,onde o artista nos dá a ideia da inexorável passagem do Tempo, pintando os relógios como se fossem massa tenra a desfazer-se.
O Surrealismo nunca, que me lembre, mereceu honras de fazer parte dos programas de Português; nunca destronou o neo –realismo e era (é) muito mais complexo ,como movimento literário. Já que falei de CESARINY e como, de vez em quando, lá aparecia um poema para LEITURA EXTENSIVA, aqui fica um pequeno “ar” do seu uso da corrente literária:


“EU, SEMPRE…”
Eu sempre a Platão assisto.
Pessoalmente, porém, e creia que não
Tenho qualquer insuficiência nisto,
Sou um romano da decadência total,
Aquela do século IV depois de Cristo,
Com os bárbaros à porta e Júpiter no quintal.”

Texto insuficiente para quem pretender aprofundar esta matéria. Para isso, deverão os interessados consultar obras de Literatura, que a tratem.
Preocupei-me em procurar alusões à MÚSICA surrealista. Não encontrei nada de especial, a não ser- e não é pouco!- uma indicação de que a música dos PINK FLOYD,naquela frase que se tornou eterna " ... teacher, leave the kids alone..." é uma frase perfeitamente esclarecedora do surrealismo! Realmente, pedir aos Professores para deixar as crianças, os alunos em paz é, no mínimo SUPER REALISTA...

sábado, 22 de maio de 2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010

"DE PASSAGEM...O HORIZONTE"


“DE PASSAGEM…O HORIZONTE”


Alongo o olhar
Poisando-o ,suavemente,
No branco azulado
Da linha do horizonte.

Sento-me a seu lado.

Passam por mim sinais de vida,
Pássaros, ventos, raios de sol,
Aragens de outras culturas.

Este meu viajar é um outro modo de viver.

Lembro outros tempos
De mãos possantes num leme
Com olhos de experiências feitos,
Que almejavam este horizonte onde me sento.
Olhos náuticos conheciam quase por instinto
A rota do Além,
O Infinito possível a quem não se contenta
Com um poiso seguro!

A voz era, nesses tempos,a da Ambição…
De mãos dadas com o Sonho!

Nauta das minhas esperanças, desvio
O corpo,
E deixo passar as caravelas de fixas lembranças…
Desço as escadas, de nuvens armadas…

Caminho entre a imaginação e a minha realidade…

Será possível …uma VERDADE?

C7G- 47/82-oi/MRÇ/010

terça-feira, 18 de maio de 2010

"DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS"


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Nos dias que correm , raro é o dia que não seja dedicado a qualquer coisa, pessoa ou assunto.E esta minha afirmação nada tem de utópico ou depreciativo; bem pelo contrário!Há coisas, assuntos, obras no mundo em que vivemos, que é necessário ter bem presentes, mesmo que só de vez em quando, como é o caso dos "Dias internacionais",para não esquecermos a condição humana, que é feita de actos sobre actos e de eras sobre eras. Por esse motivo, museu é sinónimo de CULTURA!
Sophia de Mello Breyner disse :"É A CULTURA QUE ENSINA O HOMEM A ESCOLHER, A CRIAR E A CONSTRUIR A PRÓPRIA VIDA, EM VEZ DE A SUPORTAR".

Numa sociedade como aquela em que vivemos, onde "vale ter olho vivo e pé ligeiro", onde o materialismo impera sobre todos os outros valores éticos e vence a ideia do"ganhar o mais que se possa", numa total ideia de inversão dos valores que nos foram incutidos, a nós! os mais idosos!não conseguimos encontrar respostas para o caos , a não ser que o mundo se vire "de pernas para o ar"!

Os Museus são ,para uns, um amontoado de antiguidades-melhor dizendo-velharias;felizmente que ,para outros, são autênticas provas de vida, porque são relíquias acumuladas do PASSADO e sem PASSADO, não há vida, não há memórias, não há POVO que possa ser digno de o ser!
Uns mais vistosos que outros, uns mais recheados que outros, eles são ,acima de tudo, PROVAS DE VIDA!Vida que se viveu, em alguma parte ou época deste mundo, nalgum recõndito lugar, em termos de usos, costumes, tradições, artefactos de toda a ordem...VIDA, sobretudo!de quem os manuseou, os pensou, lhes deu forma os pensou e os criou.Não há nada nos museus que não seja fruto do Pensamento e das Emoções de um qualquer ser humano.

Nesse aspecto , ao entrar num Museu ,em qualquer parte do mundo, faço-o por gosto e por respeito, pois estou num espaço cheio de VIDA!
Ali está uma PINTURA célebre e junto a ela a aura de quem a legou para a posteridade...E, juntinho àquele carro velho, àquela estátua, àquele livro... "está" a projecção misteriosa do ser que os criou...Neste sentido: não existiriam nem "OS JERÓNIMOS" , nem o "TAJ MAHAL", nem a CaTEDRAL DE MILÃO, sem que alguém os pensasse, os projectasse e ,depois, sem a vida das mãos de quem os construiu!
Como se vê, o PASSADO fez o PRESENTE, que há-de continuar no FUTURO!

Bom seria que fosse mais acessível, em todos os termos,a visita a qualquer museu, pois teríamos gente mais culta ,mais activa ,intelectualmente falando e mais sensível aos problemas de conservação dessas riquezas todas.

Poderia dizer muito mais, pois não me cansaria de escrever sobre o tema.
Fico-me por aqui, por lembrar o dia que ,hoje, se comemora, esperando que muitos amigos tenham o dia livre ,para visitar o "refúgio de VIDA" da vossa Terra!

domingo, 16 de maio de 2010

POESIA ÁRABE MEDIEVAL vs “O Cântico dos Cânticos” vs POESIA PENINSULAR

Embora não se fale nisso, a verdade é que a LITERATURA PORTUGUESA, no campo LÍRICO/POÉTICO sofreu grandes influências do período em que o povo e a civilização árabes se estabeleceram na Península Ibérica.
Há anos, fez parte do programa de Português dos 10ºs anos uma leitura abrangente e extensiva de alguns poetas á rabes, que li com os meus alunos e ajudei a interpretar, com o maior gosto e profissionalismo. Descobri uma Poesia linda, doce e comovente no tratamento da Mulher, como hoje não vejo, em muitos países. A temática lembrava a do “Cântico dos Cânticos”, do ANTIGO TESTAMENTO, que, segundo a lenda e/ou alguns estudiosos, é atribuído ao REI SALOMÂO, mas que outros dizem ser do século IV A.C.
Voltemos à poesia árabe: alguns dos poetas estudados, com seus poemas menos difíceis de interpretar, foram: IBN SARA (nascido em SANTARÉM, em 1123), IBN AMM-ar( SILVES,1031),AL- MU TAMID( BEJA,1040),IBN –Sid( SILVES,1052), AL –Kumait al Garbi(Xi) e tantos outros…Pelas datas de nascimento se pode ver que viveram e poetaram ainda a tempo de influenciarem a poesia trovadoresca portuguesa, que mais se aperfeiçoou dos séculos XII a XIV.
Há, na temática da Poesia Árabe peninsular –ou hispano/árabe - como também se diz- dos primeiros tempos da península ibérica, duas culturas distintas. Por um lado, lembrando as suas origens geográficas, os poetas árabes trataram a imensidão do deserto e dos seus areais e dunas, escaldantes durante o dia e gélidas durante a noite, o fascinante céu estrelado e luarento, as horas de cavalgadas dramáticas à procura de oásis, as lutas entre tribos e senhores, tanto pelo poder, como pelo orgulho autóctone e, inclusivamente, por motivos religiosos.
Por outro lado, os poetas árabes demonstram, aberta e declaradamente, o seu amor pela Natureza-MÃE e pelos quatro elementos da formação do mundo (TERRA, AR, FOGO e ÁGUA); aludem com respeito à fauna e à flora, às montanhas verdes, ao mar, etc
( É claro que ,nesses tempos não havia plásticos, papéis e excursões a tudo quanto é sítio, com as consequências para o meio ambiente, que nós tão bem conhecemos…)
Assim sendo, por exemplo no amor, a amada era a gazela graciosa ou a flor cheirosa que embriagava os sentidos, a separação dos apaixonados era um corvo negro, a morte era a flor murcha pela passagem do tempo…o rei era o leão forte e poderoso…
Os temas poéticos são de todos os tempos… com um enquadramento histórico e cultural diferente, como é claro! Não faltava, nessa poesia, o encontro fortuito dos apaixonados sob as estrelas, os raios de luar, a beira do deserto, a tenda do guerreiro e a beira das águas de rios ou lagos e/ou mesmo o mar; ainda o pôr –do- sol, o som das cimitarras dos combates, o quentinho de uma fogueira nas noites gélidas do deserto…
De tal modo as paisagens europeias impressionaram os povos árabes que os seus poetas, absorvendo os nossos motivos poéticos- os europeus!-poetizaram tudo, como já atrás disse, à moda do “Cântico dos Cânticos”! Ali, nesse poema do Antigo Testamento, tudo é imagético e/ou metafórico e muitas Imagens nele existentes geraram uma temática árabe igual.Recorde-se, também, que por esses tempos, grande parte da população árabe movimentava-se por todos os espaços, nomeadamente pelos desertos do Egipto e da Península arábica, bem como pelos vales de Jericó e do Líbano. Assim sendo e dado que o seu profeta MAOMÉ conhecia muito bem a Biblia, os seus ensinamentos ajudaram que estes povos espalhassem a sua cultura e os seus usos, costumes, tradições e ideias, religiosas e não só. Não conheço a moderna POESIA ÁRABE; lamento, porque amo esta civilização. Deste modo, transcrevo, neste artigo, “um CHEIRINHO” da poesia árabe que eu li e estudei, por gosto próprio.

“A AMADA”

Ela é uma frágil gazela:
Olhares de narciso
Acenos de açucena
Sorriso de margarida.

E se seus brincos se agitam
Quedam-se os braceletes* na escuta
Da música no requebro da cintura.

*”braceletes “ era do género masculino, na era medieval.

Ibn’AMM-ar


“Um AMOR CASTO”

Quantas vezes a amada me veio ver;
Negra era a noite como o seu cabelo.
Junto a mim ficou até ao romper da alva
Tão refulgente como o seu rosto claro.
(…)
Mas permaneci casto,
Homem senhor da sua força:
Só tem virtude verdadeira
Quem a si se vence no vigor.



IBN-SARA



BIBLIOGRAFIA
David MOURÂO- FERREIRA, “Imagens da Poesia Europeia”, ARTIS (1970)
ALVES, Adalberto- “O Meu Coração é Árabe”---?
DINIZ, Mª Augusta (1994): “A Literatura Popular: uma forma de sabedoria, CadNº8, OUTUBRO
MOISÉS , Massaud (1974)- “A Literatura Portuguesa”, S. Paulo,ED. CULTRIX

NOTA: ficaria muito feliz ,se pudesse fazer uma abordagem da POESIA HEBRAICA.Mas não encontrei nada ,nas livrarias, sobre este assunto.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

quarta-feira, 12 de maio de 2010

“A Lua chama as estrelas…”


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É noite…brilhante, límpida, estrelada.
Um ar mágico sente-se na imensidão do deserto,
isolado,frio, gelado.
Está comigo o Universo,
aqui ao meu lado,
em tom de diálogo…preocupado…

E esta enigmática sensação
de que não estou sozinha
na imensidão da areia fria e fina
chega-me aos poros…
Sinto que é um desafio!

Evoco o perene sortilégio
de uns olhos negros, arrepiantes, macios…
Acocorados num canto da minh’alma,
aqui estão… não mais os esqueci
desde que os vi!

São o talismã que procuro e já sinto perto,
numa duna do deserto, aqui…até onde vim…
Ruídos da noite, rumores estranhos, metem-me medo!
Será só o som das patas do meu cavalo a enterrarem-se na areia?
Oh! Sim! Meu senhor tem sentinelas
que protegem seu amor…

Devagar me vai levando meu lindo cavalo negro,
…negro-( da cor dos olhos do moiro
por quem peno e por quem morro!).

Uma sombra, lá ao longe, é-me tão familiar
…suor frio, como a água do rio
onde me hei-de ir lavar!
A Criação aproxima-se.
A lua chama as estrelas.
Na tenda do meu senhor, serei bela como elas…
…pomar de belos frutos,
floresta de verdes ramos,
fonte jorrando água pura,
paraíso de mãos duras
que amaciam meu SER!

Depois, vem o madrugar,
o fugir a cavalgar
para esconder o segredo
da vida a acontecer…
…Sim, que o Homem nasce num Mundo
…que está sempre a reviver!

C7G-(mr) 4º-58/86/FEV/010

terça-feira, 11 de maio de 2010

POEMA: Teimosa peregrinação"

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Fixo teu rosto
com um esgar de desgosto,
pronto a peregrinar
p'ra te poder encontar.

Subo as curvas dessa face
onde, pestanas sedosas
se oferecem ao mundo, assombrosas!

Vejo teus olhos abertos, profundos, meio encobertos
pelo sol que vai queimar.

Quero cobrir-te com o olhar...sem mal!
Não é instinto animal...deixa que o demonstre...
Quero abarcar teu TOTAL!

Teus lábios ,entreabertos,num sorriso quente e húmido,
são colinas que eu escalo, até os sentir despertos.

Escondo este meu fervor,- p'ra não te causar temor-
se não gostares de me ver, a mim!, que estou a sofrer!

Pego num bordão sagrado, feito de pétalas do prado
e corro, lesto, para ti,
sem te querer assustar, com o desejo no olhar.

Sigo tuas curvas puras,
encontro teu corpo escuro pelo sol acobreado
que fere tua pele macia, que lembra o nascer do dia
em que eu
perdido a sonhar
procurei o teu olhar!

Feriu-me a tua secura...
Inclinei-me p'ra espreitar
o que estarias a ver...

Que dó! Eu, afinal, estava só!
Eras estátua distante, plantada noutro deserto
que eu achei não estar perto...


Meu coração destroçado resolveu põr-se de lado!
EU TODO,estava cansado de tanto me enganar...



C7G-24 (2)/101-M/09(vds)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Poema:Charneca misteriosa"...(on)


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Estende-se a charneca quase até ao mar.
Sensual,espreguiça-se , para lá chegar.
O dia flameja e o regato, perto,
molha-lhe os pés para a consolar!

colinas crestadas pelo sol a queimar,
espalham gemidos, sofridos ais,
lamentos derramados no negro lago de areias
cinzentas, queimadas, sedentas.

Antiguidade...raças...fazendas...
desfazem-se lendas a soluçar, nesta charneca
ansiosa por chegar ao mar!

Povo de barcos! Povo de charcos
impregnados de mistérios loucos!

Povo da Terra! Povo do Mar!
Fogo na água do navegar!

Espírito perdido no sossego do vento sibilante...
Espírito de púrpura em era distante...

Volto à charneca, erótica ,sensual;
Alinho as árvores num esforço mental
e vejo rolas,abelhas,borboletas, aves,
vivendo da ficção do mundo natural.

Vestida de verde,verde tão real , a charneca
aparenta inocência, na perfeição,
esquecendo vidas de animais- vidas naturais!
Acomodou-se, como é normal!-
já não quer o mar...
Cinge-se, cúmplice, à terra ribatejana
da qual é raínha, senhora, dama...


C7G-(on)-39/105/Maio-o10

domingo, 9 de maio de 2010

sexta-feira, 7 de maio de 2010

"PASSAGEM PELOS JORNAIS DE HOJE..."

1º-Continua- pois claro!- (até porque é difícil de esquecer!)-a falar-se do mais recente "mártir" da democracia portuguesa (depois de Fátima Felgueiras!): ricardo rodrigues do PS,o tal que "inadvertidamente" "gamou" os gravadores dos jornalistas da revista "Sábado", que estavam a entrevistá-lo, com a sua anuência!
O comportamento deste sujeito é igual, sem tirar nem pôr,em arrogância, prepotência e espírito anti -democrático,a outros tantos sujeitos do seu partido que se julgam donos de Portugal e destes pacóvios madraços,entre eles EU,que somos nós todos, afinal, nas "patas" gorduchas deles.
Atitude condenável, a dele, em vários aspectos: 1º em "gamar"o que não era dele; 2º em abandonar uma entrevista, maleducadamente, que tinha prometido dar aos ditos homens da Comunicação Social; 3º, porque se "tem esqueletos no armário" dos quais não queria falar, não se "punha a jeito"... até porque os portugueses têm o direito de saber porque é que esta personagem, vinda dos Açores, há tempos, tem tido uma ascenção tão meteórica, à imagem de outros "BOYS" da era socialista! Mas fiquem descansados, amigos, ele já ganhou! Eles ganham sempre! E até estou a ver o riso maquiavélico de sócrates ao nomeá-lo para seu consultor na área de segurança...
Na sua crónica de hoje, no CORREIO da MANHÃ, o Senhor Director Adjunto, EDUARDO DÂMASO,termina-a assim:"Este é um homem perigoso para o Estado de Direito".
Eu trocaria HOMEM por TIPO...Gosto tanto de GIL VICENTE, O PAI DO TEATRO PORTUGUÊS...

2º-Vitor Constâncio, de partida para outra cadeira dourada, na Europa, já não se importa de dizer a verdade aos portugueses, mesmo que os seus parceiros de partido não gostem. Agora, quando solicitado a abrir a "torneira", sai toda a água suja num instantinho...Agora os socialistas também já não podem tirar-lhe o ordenado chorudo...

3º-... e MAnuel Alegre lá vai indo, "contente e não seguro", a tentar vender "o seu peixe" ao PS... Ele bem diz que é socialista desde que se conhece como gente...de alma e coração, com cartão de militante e tudo! Mas o engraçado é que só o afirma quando lhe convém... Tem sempre um pé meio dentro, meio fora, não vá o diabo tecê-las e perder os "tachitos" que ainda por lá tem...
E nós somos tolos, portugueses?

4º- Agora espantada, espantada, ando eu com a euforia que se verifica em tudo quanto é clero, nobreza e povo, por causa da visita papal ao nosso país!
Sou honesta com quem me puder ou quiser ler: não gosto do senhor papa! Não quero que se ofendam com esta minha afirmação mas acho ter o dever, moral e ético, de ser coerente com o meu carácter e com os amigos que me visitam. Este Papa não se tem mostrado particularmente entusiasta da ideia de vir a Portugal, desde que, por vontade do ESPÍRITO SANTO se sentou na cadeira de Pedro...
Mas quando conseguiram fazê-lo vir, a loucura tomou conta de crentes e não crentes: é um nunca mais acabar de festas, de promessas de festas, de presentes, quadros, microfone banhado a ouro, medalhas e roupas de marca, mais um armáriozito daqui, mais uma cadeirita dali, mais um altar para aqui, mais outro para acolá e TUDO MUITO BARATO, TUDO CUSTA POUCO... de tal maneira que, (ouvi há bocado) se prevê que a despesa destes NADAS ascenda a, pelo menos, 35 milhões de EUROS!!!!!!!
Isto para já não falar dos dias de férias que o governo facultou ao pessoal, muito do qual se está borrifando para o papa, isto se estiver tempo de dar um banhito ao descanso!E não se esqueçam também das Forças Armadas: POLÍCIA SECRETA, CAVALARIA, FORÇA AÉREA, MARINHA, INFANTARIA, câmaras de vigilância por tudo quanto é espaço e lugar...POBRES CÃES DAS MADAMES que não poderão desabafar à vontade, pelos mais recônditos becos das cidades grandes...


Tristezas à parte: viva CRISTIANO RONALDO! VIVA JOSÉ MOURINHO, o melhor treinador do MUNDO! VIVA JOÃO GARCIA, que nos colocou nos píncaros do mundo!

E, já agora:viva a brasileirinha de PINTO DA COSTA!COM 72 ANOS...é obra ... SENHOR PRESIDENTE DO FCP!QUE DEUS O AJUDE E LHE MANTENHA A FORÇA...


VAMOS LÁ, MALTA, DANÇAR " O MALHÃO"...que só os pessimistas é que ainda não perceberam que PORTUGAL é uma festa...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Lendas medievais do território peninsular

Foto google




“Moira triste…”

Solta seus ais de saudade
a bela moira, chegada
das Arábias distantes,
entre nós aprisionada.

Das areias do deserto,
sua casa natural,
não se sente ela já perto
do seu “solo-país”, natal.


Do cimo da alta torre,
do castelo do senhor
lança os olhos em redor
e quase, quase que morre
no tormento da Saudade,
nos braços de seu amor.

Moira bela e encantada
não pode viver fechada…

Salta os muros,
galga os campos,
suspira ,desesperada,
procura areia doirada.

Cabelos soltos ao vento,
monta seu belo cavalo.
Atira-se contra o tempo
que está a separá-la,
das poeiras do deserto
que parece, ali, tão perto!

-“Linda moira, triste choro…
Ficarás, eternamente,
distante daquele oiro,
que deu vida ao teu nascer!

É nesta parte da Ibéria,
longínqua da Pátria tua,
que cumprirás o teu Fado,
sendo, deste novo Império,
rainha de alma nua…

Olha o mar do teu Algarve!
Será teu, se o quiseres…
Cantá-lo-ás, com alarde,
no meio de outras mulheres!

Tuas aias dançarão!
Dar-te-ão mais alegria!
Ver-te-ás tornar-te, então,
Senhora de um novo DIA!”

A linda moira acalmou…
Amou, sem nunca esquecer,
o solo que a viu nascer!

E o Algarve floriu, na Hora do seu PARTIR…
Hoje, as flores a chorar
não esquecem o seu sorrir
quando, em plena Primavera,
desatam a reflorir!



C6F -157/17 –AGT/09
NOTA: é riquíssimo ,em termos de lendas e tradições, o período medieval português.
Se nos lembrarmos dos imensos povos que invadiram a PENÍNSULA IBÉRICA, fácil será compreender que era impossível não sofrermos essas influências, a todos os níveis da Cultura e do saber, dos usos ,costumes e tradições...

Uma das influências mais notada é a das lendas relacionadas com o período da ocupação árabe, talvez pelo exotismo de tal cultura, fascinante! aos olhos dos cristãos.
Ainda hoje, nas poucas aldeias do interior mais longínquo do nosso país se contam ,ao serão, lendas e narrativas, que se prolongaram no tempo, tendo, inclusivamente , feito o delírio dos romancistas e poetas do PERÍODO ROMÃNTICO, no século XIX.
Lembram-se das "LENDAS E NARRATIVAS", de ALEXANDRE HERCULANO? E de "EURICO, O PRESBÍTERO"?

É claro, meus amigos, que eu sou a mais humilde cultora dessa temática! Deixo-vos com esta, mais que inocente e simples "lenda", da minha autoria.
LUSIBERO( MªELISA)

segunda-feira, 3 de maio de 2010