terça-feira, 30 de junho de 2009

"MEDITAÇÃO EM ADIEMUS"



Os aborígenes australianos dizem que todos estamos de visita, neste momento e neste lugar; estamos de passagem e viemos só observar, aprender, crescer, amar e voltar para “casa”.
São pensamentos como este que, por vezes, me vêm à mente e me levam a um suave momento de meditação.
Nesta minha sala, sento-me à secretária dos meus trabalhos e dos meus pensamentos. Como música de fundo, estou embebida nos acordes de “ADIEMUS”.Tenho plena consciência de que devo dar estas pequeninas, possivelmente insignificantes, informações, para viver melhor o momento. Imito-me! Noutros períodos de meditação tive a mesma sensação…Apesar de tudo, sinto que ninguém imita ninguém, porque todos somos alguém, mesmo que se trate de nós próprios (principalmente porque se trata de nós próprios!) O imitar pressupõe baixeza de carácter e mutilação de valores veiculados por outras mentes!
No meu blog, num artigo que escrevi, há dias, sobre a derrota de Sócrates, nas “europeias”, recebi um comentário dum BLOGGER, JOSÉ MARTINS de seu nome, que diz isto, mais ou menos:”PIFEI-TE A PEÇA! ADOREI-A! UM ABRAÇO”. Escusado será dizer que o blog deste “senhor” não abre, nem que o empurre! Que lhe faça muito bom proveito o meu artigo! Quem anda assim, por aí, a “pifar” peças dos outros para alimentar espaço que não tem competência para ter, só me merece “um bom arroto”, como dizia o nosso Eça de Queirós…
Ah! Devo dizer aos amigos que me lerem, que mandei uma delicada mensagem ao “PIFADOR PROFISSIONAL”, mas ele não me contactou…
Adiante…Para já, sou eu o centro das minhas imitações e preocupações. Depois de “ter fugido a sete pés” da tutela incompetente de Lurdes Rodrigues e seus” dois metralhas”, fiquei com tempo libérrimo para tudo: ler, escrever, passear, pensar e sei lá que mais…Adoro esta sensação de liberdade, que não consigo encontrar na cara das minhas colegas, quando vou à Escola. A escrita e a leitura preenchem espaços importantes. Esta sala-escritório fala de mim e por mim…mas fala também de si, através do suor das paredes a quem tenho dado um pouco da minha vida. Por vezes, ao começar a ler uma qualquer obra que há tempos comprei, mas que ainda não tinha podido desfrutar, dou comigo a recordar passos da minha vida, inocentemente provocados pelas leituras que estou a fazer. Talvez na altura eu não tivesse a percepção que hoje tenho, sobre certas coisas que aconteceram na vida. Revivo-os, hoje, assim a sós comigo e com a minha música; insulto-me, também, por não os ter entendido quando aconteceram. E alegro-me, porque não esqueci completamente e posso, agora, recordar, com um visualismo fantástico, o que mais me marcou, muito mais pelo lado positivo que pelo negativo. A infância e a adolescência passaram por mim, em ambiente hostil. Não fui feliz nessas alturas e o meu ser começou a encontrar-se comigo, na felicidade, no momento em que fui mãe. Dois filhos maravilhosos preencheram na plenitude, horas de tormento e solidão.
Recordo os olhinhos deles… tão dependentes do meu olhar, do meu toque familiar, do meu cheiro a Mãe. Valeu a pena passar por tudo só para os ver, hoje, ao pé de mim, com os seus rebentos que estragam de mimos, Mas, que digo eu? Os mimos, bem orientados, nunca fizeram mal aos nossos filhos.
Olho para as minhas plantas, como se fossem parte de uma qualquer floresta cerrada onde vou desbravando carreiritos que, lentamente, me conduzem ao ponto mais alto de mim própria, como este em que me sento e escrevo divagando memórias, As alturas, o chegar ao alto, lembram-me sempre a ideia do Calvário que, metaforicamente, é a vida de cada um de nós: subimos “escadas”, constantemente, para atingirmos estádios de prazer, felicidade, comoção e alegrias. Tentamos, mesmo sem darmos por isso, chegar ao cume das nossas vidas, do nosso Ser.
Problemático, meus amigos… Não me quero meter por esses atalhos que nos levariam à Filosofia dos existencialismos e nós já temos tanto com que nos preocuparmos… Vou pelos labirintos da minha vida, que me dão tanto que fazer. Sinto-me sempre à beira de mim própria, e sento-me, placidamente, procurando o que nunca encontro: respostas gratas ao interior que se questiona. Estou num mundo onde tantas almas têm os mesmos penares…
Como tal, uso a poesia como introspecção e catarse para chegar ao meu mais recôndito, sem perder o equilíbrio. Depois, olho à volta e vem-me uma ânsia súbita de sair, olhar o sol de frente, e num olhar transmitir aos outros a esperança que às vezes sinto e, às vezes me falta.
Contra-senso? Incongrência? Falta de coerência? Um pouco de tudo e talvez nada disto.Afinal, é assim que existimos: duvidando e crendo, fechando e abrindo os olhos à luz, aceitando e negando…
Fernando Pessoa dizia:”O que em mim sente/Stá pensando (…)”
Então, espalho o meu sorriso a quem comigo se cruza. Oiço” os sons da TERRA e penso em chegar ao Mundo, por outras vias…

3 comentários:

  1. "subimos “escadas”, constantemente, para atingirmos estádios de prazer, felicidade, comoção e alegrias. Tentamos, mesmo sem darmos por isso, chegar ao cume das nossas vidas, do nosso Ser"

    Exactamente, minha amiga.
    A isso chama-se viver. Uma busca infinita do que nao temos, muitas vezes. E que longa e tortuosa pode ser essa "escada"...
    Quanto ao "PIFADOR" esperemos que os seus seguidores sejam um pouco mais inteligentes que ele e se apercebam que aquele artigo nao poderia ter sido escrito por aquela cabecinha que aparentemente so serve para criar piolhos. Isto se ainda tiver cabelo! Se tiver o aspecto exterior da minha, nem para isso eh eh eh

    Um abraco
    Francisco

    ResponderEliminar
  2. Abraço, Francisco!Já tinha saudades de o "OUVIR"...
    LUSIBERo

    ResponderEliminar
  3. Só quem está sentada a ouvir Adiemus alimenta cada vez mais esse jardim interior na direcção certa.

    "fiquei com tempo libérrimo para tudo: ler, escrever, passear, pensar e sei lá que mais…Adoro esta sensação de liberdade, que não consigo encontrar na cara das minhas colegas, quando vou à Escola. A escrita e a leitura preenchem espaços importantes. Esta sala-escritório fala de mim e por mim…mas fala também de si, através do suor das paredes a quem tenho dado um pouco da minha vida."

    É um ser maravilhoso, que se mantém receptivo à descoberta... de si e dos outros. Não pode haver melhor.

    Duplo beijinho por momentos de paz...

    ResponderEliminar