SOTTO-VOCE
Gosto da
obscuridade que nos envolve
quando
entramos num recinto, dito,sagrado.
Adoro a
meia-luz que nos cobre, enquanto a música,
sotto-voce,vai
deixando um ar de intimidade no nosso IMO.
Gosto da
progressão ordenada com que, uns atrás dos outros,
vamos
entrando, procuramos lugar e nos sentamos
fixando a
luz dourada, quase ofuscante, quente e
envolvente,
que nos
remete para o encontro de NÓS-CONNOSCO.
Todos com as
nossas diferenças nos sentimos iguais
naquele
espaço místico,
ao tropeçarmos nas verdades e nas mentiras da
Alma.
Reparo que
ao lado do altar, há uma mesinha solene
em bronze
dourado...belo, esculpido de figuras sagradas
de onde uma
Bíblia pousada, espalha núvens de Ideias
na minha
mente trémula,
tristemente perturbada.
Sinto o solo
que piso e dou comigo a desejar ter os pés
em terra
molhada,
com flores abençoadas
como se estivessem dentro de vasos
a falarem da
beleza que é o mundo,
fora do dito solo sagrado,
no cimento onde
se prende o banco em que me sento.
“Avé-Maria,
cheia de Graça...”
©Maria Elisa Ribeiro
Direitos
reservados
2022
Sem comentários:
Enviar um comentário