segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Quem foi João Bénard da Costa

 













João Bénard da Costa

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João Bénard da Costa
Nome completoJoão Pedro Bénard da Costa
Nascimento7 de fevereiro de 1935
LisboaPortugal
Morte21 de maio de 2009 (74 anos)
LisboaPortugal
OcupaçãoProfessorGestor culturalcrítico de cinema e ensaísta
Outros prêmios
Prémio Pessoa (2001)

Medalha de Mérito Cultural (2008)

João Pedro Bénard da Costa GCC • GOIH (Lisboa7 de Fevereiro de 1935 — Lisboa, 21 de Maio de 2009) foi um professorgestor culturalcrítico de cinema e ensaísta português.

Biografia

Após os estudos secundários, que realizou no Liceu Camões, Bénard da Costa matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Em vão, pois depressa se mudou para Letras, onde viria a licenciar-se em Ciências Histórico-Filosóficas, em 1959. Para conclusão do curso apresentou uma monografia intitulada Do tema do outro no personalismo de Emmanuel Mounier.

Convidado a ingressar como assistente naquela Faculdade, um parecer desfavorável da PIDE afastou-o do ensino universitário, o que o levou a procurar no ensino particular a sua subsistência; foi professor no Seminário Menor de Almada e no Externato Frei Luís de Sousa, na mesma cidade, até 1965. Mais tarde seria admitido como professor no Liceu Camões, até ser novamente afastado por motivos políticos, mudando-se para o Colégio Moderno, a escola fundada por João Lopes Soares na década de 40.

Intelectual ativo e militante católico, João Bénard da Costa presidiu à Juventude Universitária Católica, entre 1957 e 1958, e ajudou a fundar a revista de filosofia, literatura e artes O Tempo e o Modo, em 1963. Essa revista — uma espécie de símbolo dos chamados «católicos progressistas»; designação atribuída aos católicos que se opunham ao Estado Novo — contou com Bénard da Costa como chefe de redação e, posteriormente, como diretor, até ao ano de 1970.

Seria contudo à paixão pelo cinema que Bénard da Costa se dedicaria de forma mais profunda — a sua ligação a esta arte começa com a participação no movimento cineclubista, que irradiou no meio universitário lisboeta no final dos anos 50. Já na década de 1960 assumirá a função de coordenador do Setor de Cinema do Serviço de Belas-Artes da Fundação Calouste Gulbenkian, de 1969 até 1971; antes disso, já colaborara no Centro de Investigação Pedagógica da mesma Fundação, entre 1964 e 1966.

Entretanto, em 1973, é contratado para lecionar a disciplina de História do Cinema, na então Escola de Cinema do Conservatório Nacional, posteriormente transformada em escola superior. Lecionou nessa escola, onde se formaria a maioria dos cineastas portugueses surgidos de final dos anos 70 em diante, até ao ano de 1980.

Precisamente no ano de 1980, o governo chefiado por Francisco Sá Carneiro nomeou Bénard da Costa para subdiretor da Cinemateca Portuguesa. 11 anos volvidos, em 1991, passaria a diretor da mesma instituição, por nomeação do governo de Aníbal Cavaco Silva. Manteve-se neste cargo durante 18 anos consecutivos, até 2009. A passagem de Bénard da Costa pela Cinemateca deixou uma marca decisiva na programação de obras relevantes da história do cinema, além da renovação das instalações e, enquanto museu do cinema, na criação de condições para boa conservação e restauro dos filmes em arquivo.

Ao longo dos mesmos anos em que dirigiu a Cinemateca, Bénard da Costa publicou diversos ensaios e críticas cinematográficas, a que se juntam as monografias sobre as obras dos realizadores Alfred Hitchcock (1982), Luis Buñuel (1982), Fritz Lang (1983), John Ford (1983), Josef Von Sternberg (1984), Nicholas Ray (1984) e Howard Hawks (1988). Também assinou o artigo sobre cinema português na Enciclopédia Einaudi, incluído na História do Cinema Mundial (2000), coordenada por Gian Piero Brunetta. Publicou, ainda O Musical (1987), Os Filmes da Minha Vida (1990), Histórias do Cinema Português (1991), Muito Lá de Casa (1993) e O Cinema Português Nunca Existiu (1996).

Entre as demais atividades de gestão cultural que desempenhou, Bénard da Costa foi, de 1966 a 1974, igualmente secretário executivo da Comissão Portuguesa da Associação Internacional para a Liberdade da Cultura; e, entre 1997 e 2001, por designação do Presidente da República Jorge Sampaio, presidente da Comissão do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Recebeu o Prémio de Estudos Fílmicos da Universidade de Coimbra em 1995 e o Prémio Pessoa em 2001.

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