CIO DA TERRA
Num cio
desesperado, abre-se a boca da Terra
E a semente
enterrada desperta, numa guerra de papoilas floridas.
Vida a
aclamar Vida!
Densas
corolas macias,tensas de monotonia
Abrem os
cabelos ao fogo do sol que as desperta e afaga
Num ar de
quente e sensual alegria.
Os filhos
das rochas erguem os braços ao alto
Frenéticos e
tangedores em cantigas de mil cores.
E uma língua
desconhecida ecoa pelos ares quentes.
O aroma das
flores roça-me as orlas dos ouvidos e perde-se
Nos sentidos
que sussurram em tom vago, de braço dado
Com o brilho
dos teus olhos ardentes.
Confusas
como as florestas perdidas de amor pelas estevas,
Pelas urzes
e giestas num leito de rosmaninho e sementes
Rasgamos a
verde espessura e penetramos no matagal bravio
Por atalhos
enviesados de nós próprios...perdidos em ondas de carinho.
São maduros
os frutos de aromas intensos que o silêncio da sombra
Te põe nas
mãos
Quando a
floresta estremece de satisfação.
E, num cio
desesperado, abre-se a boca do mundo a um sexto sentido
Que, em
nós,se tornou um segredo lindo e profundo.
Maria Elisa
Ribeiro
©Direitos reservados
DEZ/2022
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