quinta-feira, 8 de setembro de 2022

POEMA





 PERMITAM QUE VÁ...

Permitam que vá, cheia de noite e luar, beber os sonhos
de qualquer nascente a jorrar!
Deixem que vá para lá do luar apanhar raios prateados,
pó das estrelas douradas e misteriosas!
Permitam que colha rosas e açucenas, no orvalho puro
de um qualquer jardim, que esteja lentamente a renascer!
Sonhei que levava nas mãos-do-sonho, em plena escuridão
do pensamento,
Uma estrela presa a um fio de papel, que me iluminava o bibe
da inocência!
(“Ama, deixa-me correr e apanhar pinhas, ali, no cimo do monte,
No debaixo das pinhas maduras...”
Deixa-me lançar ao ar a minha estrela de papel,
que chora
por ter já chegado a hora de a mãe a aconchegar
no leito fofo e tépido do firmamento”)
A luz da vida veio devagar através dos percursos astrais
e acolheu no regaço invisível a infância do sonho com bibe,
os pinheiros das colinas, as amoras dos silvados e tantas árvores
que lá costumam dar frutos...
Perdi a Ama, a Infância e o Bibe...
Ganhei tempos doentes de Verdade...
Já não uso lacinhos brancos no cabelo...
©Maria Elisa Ribeiro
Maio/021
Foto sem autor identificado, em Net.

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