quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

POEMA(REGººººººE PUBLICADO)

POEMA-INTERVALO
Neste Inverno frio e chuvoso,
perto do fogo da lareira em brasa,
olho as chamas e ouço Mozart…dois fogos que enchem o coração!
De repente, parte-se a agulha do velho gira-discos…
Sinto que o compositor salta dentro de mim
e que, até as achas na lareira perdem o fôlego e quase se apagam.
Estremece, igualmente,
a mesa onde escrevo e me recordo dos tempos
que passaram, que não são hoje mais que um embrulho
de papel de seda, quase poído, quase gasto,
que deixou rasto nas palavras antigas.
*INTERVALO
Reacendo a lareira.
Não conserto o gira-discos.
(Não fui ver à Internet, como se arranja isto…)
----ligo a rádio, e ouço o “Oceano Pacífico” -----
Abro a janela, que dá para o adro, e reparo que
ajardinaram as redondezas com belas árvores
que parecem vultos,
sob os candeeiros virados para os livros
que enchem a mesa onde os tinha posto.
*INTERVALO
Tanto tempo passou que,
ao querer voltar ao meu texto
me sinto cheia de sono…
Isso põe-me ao abrigo da esfera perceptível
onde já não vejo que as coisas comunicam umas com as outras.
Mesmo sabendo que as ilusões não têm flancos…
Mesmo cônscia de que os pensamentos são constantes…
*INTERVALO
No meio do sono e no meio da música, ouço o Oceano…
Vem-me à ideia, por um lapso de tempo, o Cais das Colunas…
a arquitectura das Colunas…o material alquímico de que foram
feitas…o mar que as submerge e o rio que as levanta!
As correntes gordas de sal e escamas cheiram-me a plantas
de café…a estrelas distantes doutros horizontes…a palmeiras
perdidas noutros orientes ,
numa maré azul de canela, coral e marfim-pimenta…
Maria Elisa Ribeiro
Jan/016 —

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