quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Conto de Natal ,in NET-homemliteratus.com







"2. A aventura do pudim de Natal, de Agatha Christie – por Sérgio Tavares
Agatha Christie tinha atração pelo Natal. Vinte anos depois de O Natal de Poirot, ela publica esse A aventura do pudim de NaA-Aventura-do-Pudim-de-Natal-Agatha-Christietal, coletânea de contos fornidos que traz seus célebres “detetives” envolvidos em casos abraçados pela atmosfera natalina.
A introdução é um deleite à parte, em especial por trazer à lume lembranças ricas que, para leitores mais atentos, elucidam os caminhos de suas histórias. Christie conta que, após o falecimento de seu pai, ela e a mãe começaram a passar o Natal com a família de seu cunhado, no norte da Inglaterra. Em Abney Hall, “a ceia atingia proporções colossais”, diante da qual havia uma competição para quem comia mais. Sopa de ostras, linguado, peru assado, pudim de passas, tortas de frutas e bolo de amêndoas. “Que maravilha ser um criança gulosa de onze anos!”, regojiza-se.
Esse clima que dá tom ao conto que empresta nome ao livro, sobre o qual deito a minha escolha. Passa-se durante uma ceia de Natal, numa mansão inglesa do século XIV soterrada pelo inverno, na qual Poirot hospeda-se a fim de desvendar o sumiço de um valioso rubi. A trama é básica: um príncipe, com o casamento arranjado com uma prima, enfeita a namorada com joias e esta desaparece, levando consigo a pedra preciosa. O mistério está exatamente no motivo.
Gosto desse conto por concentrar dois procedimentos não muito comuns às tramas de Christie: primeiro, a investigação não parte de um cadáver; segundo, há um plot twist saboroso. Tem também uma frase que sempre me vem à mente, quando estou diante dessa iguaria cremosa: “Não coma nenhum pedaço do pudim de passas. Uma pessoa que lhe quer bem”.
De fato, gosto desse livro, por tê-lo herdado da humilde biblioteca da minha mãe, onde iniciou-se a minha formação literária. Por ele, me lembrar assim como para a autora, os Natais da infância. Por, toda a vez que pego um livro da Agatha Christie, recordar-me de uma mulher que trabalhou com a minha mãe, que chamava a Dama do Crime de “A Gata Triste”.
Um ótimo Natal a todos! Evitem o pudim.

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