terça-feira, 12 de novembro de 2019

POEMA REGºººººº!

HORA FERIDA
Movem-se as horas, uma a uma, sem se preocuparem
com o tempo que, com elas, se vai movendo.
(O tempo não muda …nós é que vamos passando nele)
A verdade é que mesmo não mudando,
por vezes deixa tudo em ruínas: flores, terrenos, searas, seres humanos…
a casa da velha avó ruiu
ao ruírem os meus sentidos, os sentimentos e as emoções
dos íntimos sorrisos interiores…
Tantas foram as horas que passaram
a ferir o meu semblante de menina quase abandonada,
sem pai ou mãe por perto do corpo e do coração magoado.
Não dei por essas horas perdidas de um momento para o outro,
como é a pressa do tempo em cumprir o tempo…
Passei a infância e a adolescência nos passos dos milionésimos de segundos
que levei para lá chegar…
O doce ribeirinho onde me refrescava não conseguiu resistir
às horas de extremo calor da ansiedade dos meus anos.
Secou…
teve que dar as suas terras e as suas águas ao campo de golf das elites.
Murcharam as margens, morreram os peixes e as enguias,
cederam as flores silvestres cheias de harmonia.
O pobre ribeiro nem tempo teve para pensar,
que um dia eu poderia lá voltar…
Meu fugaz tempo foi-me enganando sem que possa recuperar as horas feridas
ou regar a face sulcada pelo estéril da Vida…
OUT/019
Maria Elisa Ribeiro

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