MEDITAÇÃO À SOMBRA DO VELHO MAR
À sombra, porque a sombra não tem cor…
Por vezes passo horas a meditar à sombra
desse mar-velho, resignado, absoluto.
E doem-me sempre
as cores das coisas
que não consigo entender.
Olhei para a espuma antiga das ondas sempre-a-rolar…
mas não consigo entender se aquela sombra onírica
é branca, acinzentada, ou mesmo se a água do velho elemento
é azul ou esverdeada.
Nada é tão verdadeiramente distinto
como o “ramalhete
rubro
das papoilas” vermelhas do pic-nic de Cesário…
E será que algumas rosas brancas, quando largam gotas de
orvalho,
choram por não serem amarelas, ao nascerem no velho atalho?
Poderei eu pintar o meu poema de meditar
à sombra do velho mar,
com matizes coloridos, a brilhar?
Todas as manhãs começo o meu-dia-a-SER!
Hoje Sou, à sombra do mar que vem pelo areal
e foge a esconder-se na crista das ondas,
um poema-construir,
onde enganarei a
sombra das memórias das gaivotas
que o foram tentando desvendar.
Enquanto SOU, sinto-me absoluta!
Porque o absoluto-sem-MIM-não-é-VIDA-nem-ETERNIDADE!
E porque o meu Absoluto não-é-teu, mar sombrio,
mas sim de um INFINITO que não consegues suplantar,
mesmo que te desfaças a fazer caraças contra as falésias
que queres dominar…
A poesia da tua sombra não existe…não tem cor!
Maria Elisa Ribeiro
JLH/018
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