terça-feira, 31 de julho de 2018

Do nosso Guerra Junqueiro...

De Guerra Junqueiro, in NET:
Morreu-me a luz da crença — alva cecém,
Pálida virgem de luzentas tranças
Dorme agora na campa das crianças, 
Onde eu quisera repousar também.
A graça, as ilusões, o amor, a unção,
Doiradas catedrais do meu passado,
Tudo caiu desfeito, escalavrado
Nos tremendos combates da razão.
Perdida a fé, esse imortal abrigo,
Fiquei sozinho como herói antigo
Batalhando sem elmo e sem escudo.
A implacável, a rígida ciência
Deixou-me unicamente a Providência,
Mas, deixando-me Deus, deixou-me tudo.
Guerra Junqueiro, in 'A Musa em Férias'

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