segunda-feira, 30 de abril de 2018

Do nosso José Gomes Ferreira...

Se Eu Agora Inventasse o Mundo
Se eu agora inventasse o mundo
criaria a luz da manhã já explicada
sem o luto que pesa 
na sombra dos homens
- conspiração da noite
com as pedras.
Luz que o cheiro das ervas da madrugada
aproxima os mortos do silêncio
com esqueletos de asas
- conluio com o sol
para estarem mais presentes
no tacto da pele da manhã,
mil mãos a afogarem a paisagem,
bafo de flores donde cai
o enlace das sementes...
Abro a janela
O mundo cheira tão bem a trevos ausentes!
Bons dias, mortos. Bons dias, Pai.
José Gomes Ferreira, in 'Elegia Fria com Lírios Inventados'

De Anatole France

De Anatole France (1844-1924), in Net:
Voltar ao Passado
E se procurarem saber porque é que todas as imaginações humanas, frescas ou murchas, tristes ou alegres, se voltam para o passado, curiosas de nele penetrarem, acharão sem dúvida que o passado é o nosso único passeio e o único lugar onde possamos escapar dos nossos aborrecimentos quotidianos, das nossas misérias, de nós mesmos. O presente é turvo e árido, o futuro está oculto.
Anatole France, in 'A Vida em Flor"

POEMA: Obra Regªªªªªªªªªªªª!!!!











POEMA:

SAUDADE-INTENSA-DE-MIM...

Digo flor, e o próprio som
parece uma corola, que me sai, livre, da boca.
Escrevo flor, e a língua sabe-me a pétalas!

Se digo e escrevo flor,
é porque sei, que um poema está pronto a nascer,
do perfume da minha vida interior.

Quando as flores emudecem, sei que o mundo escurece…
E já não escrevo a flor que digo, quando a noite é um perigo…
O crepúsculo atravessa, lentamente, as sílabas do meu urgente poema…
É hora de um mar de coral passar ao largo
das rosas brancas da distância, onde ficou a moldura da infância.

Digo flor e ilumina-se o jardim com tons de vivo jasmim,
quando a boca me sabe a uma saudade intensa-de-mim…

O sol continua a dizer-me, que o mundo está aqui…
Só isso bastaria, para eu ser feliz…
Deito-me numa página em branco, para escrever o teu verso…
Mas só agora reparo, mau grado o sabor a flor,
que nos dissemos um adeus tenso ,
antes do final da frase-ponto-final!

Maria Elisa Ribeiro
JAN/014

Boa tarde e boa semana, meus amigos!


domingo, 29 de abril de 2018

A CURIA , In JB-

Pista de XCO vai ser uma realidade na Curia Publicado por Oriana Pataco | Abr 20, 2018 | Ciclismo, Desporto, Destaque | 0 | A construção da Pista de Cross Country…
JB.PT

Em ANADIA-PORTUGAL-

Comemoração do 44. aniversário da Revolução de Abril em Anadia.

JORN. da BAIRRADA-Portugal

O Jornal da Bairrada acompanhou esta noite as Promessas de Lobitos e Exploradores do Agrupamento de escuteiros 1396 S. Miguel Arcanjo de Oliveira do Bairro. A cerimónia decorreu durante a Eucaristia, presidida pelo Padre Francisco Melo.

Jornal da Bairrada-Portugal

Jornal da Bairrada adicionou uma foto nova ao álbum: Capas.
Capa do JB desta semana. Bom dia!

O pensamento de Rosa Lobato Faria

“Conforta-me pensar que a vida não começa nem acaba aqui. Um dia regressaremos ao lugar de onde viemos, um lugar de repouso e de paz, um lugar livre de mágoas. Mas quantos lugares de dor teremos de atravessar para alcançá-lo? Quanta tristeza, quanto sofrimento, quanta crueldade no destino do Homem!
E se o mundo é repleto de maravilhas é só para não perdermos de vista a morada original, que nos aguarda ao fim dos nossos doze trabalhos de Hércules, e a que os poetas e os místicos chamam paraíso e eu chamo, simplesmente, amor. As guerras fazem-se para alcançar a paz, ensinaram-nos durante séculos. (...)O sofrimento serve para alcançar a bem-aventurança, invento eu, para não morrer de desespero.”
― Rosa Lobato de Faria, A Trança de Inês
(1932-2010)- in Goodreads

Da nossa Rosa Lobato Faria

Poema de Rosa Lobato Faria, in Net:
“Guardei na gaveta de baixo
a flor que trazia nos dedos
à hora de adivinhar-te.
Primeiro
foste apenas uma ideia
que me segurou na porta
da cozinha quando ia
meter numa garrafa verde
um malmequer amarelo.
Fiquei ali
à espera que te transformasses
em certeza ou em música.
Lembro-me que havia um sol bonito
a enquadrar a cesta dos pimentos
Lembro-me do chiar mansinho
da panela da sopa
Lembro-me do gato.
Olhou-me
e li nos seus olhos feiticeiros
o recado que os teus ainda não podia dar-me
sou que tinhas sido arremessado à praia do meu corpo pela espuma desfeita
das vagas de setembro.
Como um grão de areia
uma pepita de ouro
um búzio
Pude então mover-me andar
sorrir de novo
abrir a gaveta de baixo
guardar a flor do meu segredo.”
― Rosa Lobato de Faria, A Gaveta de Baixo






Poema:

***

_______________________________e eis-me perante o olhar
que se espelha nas tuas mãos
______________________________ao afagar o meu rosto.

Não existe mundo, fora deste momento-de-nós.
Tudo se cala e, silencioso, o tempo vai deixando para trás
uma ternura dentro de outra…e outra…e outra…
Nas palavras, há como que uma areia incómoda,
um cais onde inclinamos a face
de onde emerge a dor, como vento que não pára.

______ Por isso, nos olhamos, calados, imersos em nós. _______

____________________________Perante o olhar das tuas mãos,
quero beijar-te distante dos campos enrugados,
por detrás da árvore de sombra
cujos cabelos se espelham ,na represa,
que fala a linguagem das nuvens.
Teu nome está desenhado nos espelhos da mente…
…comigo encostada ao braço
que me colocas sobre os ombros.

_____________________________e eu não sei se, ao beijar-te,
_________________________estou a edificar ou a demolir minha vida…

Debruçada na janela da escuridão da noite,
pergunto-me o que haverá entre o silêncio crepuscular
e minha alma, aqui, neste lugar,
onde continuo a querer beijar-te.

Passam os Outonos…
Ao longe, num roseiral de espuma há
sempre dois barquitos que se cruzam…
um a partir, outro a chegar,
frente ao farol que ilumina as brumas.

____________________Só a luz me faz falta para poder olhar-te
____________________a querer-assim -tanto-beijar-te.

A vida lateja, distante, num outro lugar,
cujo nome não está escrito no espelho
___________________onde continuo a ver-te viver-nos...

Maria Elisa Ribeiro
Abril-014

Feliz Domingo, meus amigos!

Bom Domingo, meus amigos!

sábado, 28 de abril de 2018


A Habilidade Específica do Político

A habilidade específica do político consiste em saber que paixões pode com maior facilidade despertar e como evitar, quando despertas, que sejam nocivas a ele próprio e aos seus aliados. Na política como na moeda há uma lei de Gresham; o homem que visa a objectivos mais nobres será expulso, excepto naqueles raros momentos (principalmente revoluções) em que o idealismo se conjuga com um poderoso movimento de paixão interesseira. Além disso, como os políticos estão divididos em grupos rivais, visam a dividir a nação, a menos que tenham a sorte de a unir na guerra contra outra. Vivem à custa do «ruído e da fúria, que nada significam». Não podem prestar atenção a nada que seja difícil de explicar, nem a nada que não acarrete divisão (seja entre nações ou na frente nacional), nem a nada que reduza o poderio dos políticos como classe. 

Bertrand Russell, in 'Ensaios Cépticos: A Necessidade do Ceptcismo Político' ---(1872-1970)

Bom dia, amigos!