sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Poema meu (obª regª)














TENHO TEU CORPO A REPOUSAR NOS MEUS ANOS…





Consigo reconhecer teu corpo estendido nos meus anos…

________Sem o ver, passo a mão pelos contornos desprevenidos

________________que foram parte importante das nossas vidas.

Assim, é como se nada se tivesse perdido entre nós,

quando

te chegas para perto de mim, sempre que te espero.



Nos ouvidos, como flor banhada pelo orvalho da manhã,

tenho a sensação dos teus lábios molhados…

No ventre macio, à espera de florir, sinto que passam

tuas mãos, com o seu quê de atrevido…

A boca sabe-me ao tempo passado, àquele tempo vivido

em que , para nós ,nada soava a pecado…

Nas mãos, sinto ainda os teus cabelos desgrenhados,

pouco ou nada preocupados com as brisas do meu fulgor…



O furor do Tempo, preocupado em andar depressa,

não apagou o teu belo sorriso,

escondido sob um bigode espesso prateado insubmisso





Recordo o místico halo,

que vibrava à tua volta,

quando o fogo do desejo,

me deixava quase morta.





Aos pés de todos nós corre um oculto rio,

que nos vai atravessando a vida e massacrando a memória,

enquanto percorre os lugares de júbilo

por onde deambulámos(às vezes completamente parados),

a fazer a nossa história…

Fizemos tantos versos de amor, sem nada escrever, sem falar,

apenas a olhar para os nossos olhos acesos, com um fogo

[ que ardia sem se ver]



Por isso, continuo a ver teu corpo estendido nos meus anos,

a viver os meus poemas…só…entre as minhas próprias mãos…

….os anos idos como águas correntes…o meu Passado…

Por isso, reconheço também, na memória, os teus sussurros

labirínticos como pedaços de magma, a acordar incêndios

[numa paisagem desprotegida]



Porém, entre a noite de Hoje e a Outra-de-Outrora,

ficaram os dias que preencheram de luz a memória…

…a memória, apenas…

Resignada, reconheço somente a Imagem

do teu corpo

estendido nos Anos-de-Outrora…Agora…







Maria Elisa Ribeiro

SET/2015


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