quinta-feira, 24 de setembro de 2015

OS PORTUGUESES GASTAM DINHEIRO NA SUA FORMAÇÃO... OS OUTROS PAÍSES VÊM BUSCÁ-LOS!


Alemanha já vem buscar médicos à saída das universidades


por Diana Mendes23 julho 201571 comentários


Fotografia © Global Imagens


Alemães estão voltados para contratar médicos em Portugal, Espanha e Itália e pagam no mínimo 4112 euros aos internos.


Joana Pina-Vaz ainda não tinha completado o ano comum do internato quando se decidiu a partir para a Alemanha e a fazer lá a especialidade de cirurgia geral. Antecipou-se aos hospitais, que têm lançado múltiplas ofertas de trabalho, e decidiu contactá-los. Conseguiu o que seria impossível: um lugar de formação na área que queria, em dois meses, e a ganhar três vezes mais do que em Portugal. Um médico que faça a especialidade na Alemanha recebe 4112 euros brutos, tanto quanto um médico em topo de carreira ou um chefe de serviço em Portugal.

A Alemanha lida há vários anos com uma forte carência de profissionais e tem-se desdobrado em esforços para captar recursos qualificados. Mas houve algo que mudou entretanto, conta ao DN fonte ligada ao setor do recrutamento. "As unidades são mais seletivas. Procuram mais profissionais que tenham formação, cultura e língua semelhantes. Por isso têm apostado mais em Portugal, Itália ou Espanha em detrimento dos países de Leste ou árabes."

O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, diz que a Alemanha é "claramente um dos destinos principais para os médicos portugueses, depois do Reino Unido". Portugal forma 1600 médicos por ano. No ano passado, emigraram 387 dos mais de mil médicos que pediram as declarações necessárias para emigrar. Desses, "certamente algumas dezenas foram para Alemanha. Pagam muito melhor, pode mudar-se facilmente de especialidade e fazer a formação em locais distintos. Têm condições boas de trabalho e de futuro, como casas e apoios familiares".

É o caso de Joana Pina-Vaz, de 28 anos, que saiu de Braga para uma cidade alemã na fronteira com a França: Offenburg. O recurso às empresas de recrutamento não foi uma solução, "porque geralmente as vagas de que dispõem são as que menos interessam. Decidi ser eu a contactar os hospitais que mais me interessavam para fazer a especialidade de cirurgia geral. Fui para a Alemanha em outubro e comecei a procurar em janeiro. Estou a trabalhar desde março. Além dos quatro mil euros, que são cerca de dois mil limpos, chego a ganhar mais mil só em bancos. O triplo do que receberia em Portugal. E a vida não é muito mais cara", acrescenta.

O processo não foi assim tão simples. Antes dele estiveram meses de pesquisa e outros tantos a aprender a língua alemã. "Ainda fiz um curso técnico antes de procurar e tive de obter a licença para trabalhar como médica." As vantagens são muitas. "Para já, vim fazer a especialidade diretamente, sem terminar o ano comum, e posso escolher onde fazer a especialização, ir mudando de hospital consoante o interesse ou a especialização em determinada área", diz. A vinda antes da especialização "vem ajudar a garantir uma vaga no final. Primeiro, porque ao conhecer a língua é mais fácil encontrar empregos melhores, depois porque há menos candidatos".

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