sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Poema(meu)

















Começou um novo Outono. Gosto dos ares mais frescos, dos dias mais curtos, do sol mais fraco. Adoro as vindimas, os tractores que passam cheios de uvas, do cheiro a mosto. Espero, com uma grande ânsia, que o país tenha nova vida e que os nossos olhos sorriam mais amiúde.

Deixo-vos um POEMA de OUTONO.




OUTONO, CREPÚSCULO DE MAIS UM ANO


As tardes, agora, parecem feitas de luzes, ouro e pérolas.
É Outono; é o crepúsculo de mais um ano, louro de grão
e pálido, por imposição.
Os salgueiros, sacudidos por brisas ainda ligeiras, ciciam
o longo rosário de saudades ao crepúsculo, outono do novo dia.
Prepara-se a Natureza para descansar e dormir a sesta, até à
Primavera…sono longo, em que as árvores desprotegidas
perdem a rama verde que se torna amarelo envelhecido
sepultadas sob os pés dos cedros, sempre renovados.

A Lua,
resplandecente,
sai das nuvens,
nua
e enche de mistério
os bosques, os rios cantantes, os penedos hirtos.
As neblinas são mais densas, o sol parece ter ordens
para romper os farrapos de algodão, mais tarde,
e as flores sofrem de frio e solidão, quando resistem.

Se houvesse espelhos na serra, o Outono veria como é diferente
o dia em que se torna crepúsculo do próprio outono,
e como é triste a guerra que emerge das ervas verdes, agora acastanhadas.

Nos ouvidos permanece o som do sino paroquial…
…toca mais cedo do que era habitual…
…é natural, recolhe-se do orvalho da noite…
Ele é o elo de vida entre a terra e o lavrador-semeador,
senhor de todos os outonos,
de todas as Primaveras
e das noites , ao serão, junto da velha lareira, onde se saboreia o pão.

Sente-se o vento, de raspão, no cinzento crepúsculo,
quando assobiam as canas do canavial…
As avezinhas, desnorteadas, não encontram abrigo de pé para a mão,
e andam cegas, como que perdidas, no meio de tal confusão.

E a noite vai descendo, moderadamente calma…

Maria Elisa Ribeiro
SET/2015

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