domingo, 30 de abril de 2023

POEMA

 







CRUZEIRO de VIDA

 

Mãos perdidas noutras mãos,

dedos perscrutantes ,perdidos de sofreguidão,

 assim acariciei

teu peito magoado num doce momento-vida.

A curva da minha boca sequiosa, gulosa e ansiosa

desejou o teu respirar nos fluidos de Amor e

perdi-me a deambular nessa avenida viril

que é teu corpo febril,

na Hora-do-Acontecer.

 

Fiz um cruzeiro contigo numa hora  de viver e parei no teu umbigo...

Terra de encanto!

 

Pasmei dos meus sinais vitais,

(que lentamente absorveste)

numa carícia perdida

 naquele espaço diferente...

 

Saberá o mundo,

 que vivemos nos astros

 que nos dão luz e cor,

confidentes dos nossos segredos  de amor?

 

 

Naturezas vivas, eu e tu não queremos ficar parados

junto das naturezas mortas,

 junto dos quadros vivos

encerrados ao longo de velhos corredores

 que o vento

vai empoeirando

 e a que o tempo rouba as cores.

 

Saberão o mar, o rio, as ervas, as flores e os frutos

que a nossa poesia é o olhar com que nos fitamos?

...a boca com que nos beijamos?

...o amor com que nos entregamos?

 

 

Maria Elisa Ribeiro

©Abril/2023

 

 

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