quinta-feira, 20 de abril de 2023

POEMA

 








REGRESSO

 

 

Regresso a mim,

vinda do lado mais claro de todas as esperanças.

É um retorno contínuo, desde que Aconteci,

 enquanto Outros se entregam

sem luta,

 aos duros efeitos da derrota-de-sonhar.

 

 

 

______________Sempre-a-Acontecer, confio na força do cordão umbilical

de onde me desprendi, no mais cedo-do-Acontecer.

 

 

 

Confesso que o silêncio me despiu a Alma,

sempre que a pus no diálogo dos meus monólogos

que se estendem,

ao cair da noite,

pela vastidão de um poema.

 

 

 

É a Poesia quem preenche os espaços vazios da solidão,

que fala pelos meus dedos, presos a uma folha de papel.

Flutuo nas palavras que marcam cada passo do meu escrever

________________nos dentes escancarados do Tempo,

_______________essa folha de vento que passa-a-cantar.

 

Passa…como passaste tu,

quando decidiste perder-te na lonjura da distância

das rosas que te dei ,

para pontuar a ânsia do Meu-no-Teu-olhar…

 

 

…passa, como passam as estrelas da noite

 quando chega o alvorecer

envolto num véu de nuvens,

 que tendem a desvanecer…

 

 

…passa, como passam as marés altas do mar, com tantas

histórias para contar…

 

 

 

Regressarás?

…nem as pétalas regressam às rosas, depois de cair!

…nem as mesmas águas enchem outras marés!

…nem as palavras são as mesmas nos diálogos-monólogos!

 

 

*…e até um Poema tem certo tempo para acontecer…*

 

 

Só voltam  as estrelas do anoitecer, no claro do luar…

mas tão inatingíveis,

que é impossível estender os braços para as enlaçar.

 

Nada conseguirá retê-las num espelho do firmamento,

___________pois são como sereias, que não nadam num mar de tormento.

 

____________E eu amo as colinas vivas a reverdecer,

______________os rios a deslizarem por íngremes descidas

_________________para o vale-perfil das árvores-a-desabrocharem

_________________nas primaveras da vida

 

 

 que ninguém pode parar-sem-

-o- conluio- da -Alma*

 

 

 

Os Oráculos,

(nem mesmo eles! )

sabem as respostas,

para o eterno viver dos deuses…

 

 

©Maria Elisa Ribeiro -2013

 

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