segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

A minha poesia:

 






PARA LÁ...

 

 

À sombra da árvore que me acolhe na sua frescura e sombra,

meu pensamento está em tudo e em toda a parte, e vai-me lembrando

da arte com que o íntimo deita os olhos pelos espaços, e os transforma

na beleza que a alma sabe esperar, das palavras que quero escrever.

À minha volta está o mundo dos pinhais, vinhais, milheirais e trigais,

que o homem há-de trabalhar, para matar a fome ao mundo.

 

Para lá da sombra da minha árvore

o horizonte avermelhado fala de sol, de calor e de mar...

mar que nos roubou almas ,à partida, já perdidas...

 

Para lá das serras e das colinas,

mais outras serras e colinas ainda,

diluídas noutras...e noutras...e noutras-sempre-ainda...

 

Perto do cume do bosque,caminhos, vielas, atalhos por onde passamos

humanos, animais, rebanhos, carros de lavoura carregados de ervas e cereais.

 

(Tudo bem, Senhor! E o mundo? Onde fica o mundo?)

 

A alma não queria  trabalhos ...A alma não pensa!

 

Apesar disso, eu sei que o mundo está onde sempre esteve...

em toda a parte das partes do mundo...

Está onde se  ri, onde se canta, onde se chora, onde se vê

uma criança que foge da guerra ou apanha um tiro, onde se encontra

um velhinho, coitado, sozinho e desamparado,onde se semeiam e colhem

cereais, frutos, enfim, tudo o que precisamos...

Além disso,

 está em toda a parte

 onde parece que Deus se esqueceu

de sinalização para a felicidade do homem...

 

Ou não a esqueceu nunca

 e fomos nós, os tantos milhões, que a perdemos

dos contextos da vivência?©

 

©Maria Elisa Ribeiro

Todos os direitos reservados

DEZ-020

 

 

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