PARA LÁ...
À sombra da árvore que me acolhe na sua frescura e sombra,
meu pensamento está em tudo e em toda a parte, e vai-me
lembrando
da arte com que o íntimo deita os olhos pelos espaços, e os
transforma
na beleza que a alma sabe esperar, das palavras que quero
escrever.
À minha volta está o mundo dos pinhais, vinhais, milheirais
e trigais,
que o homem há-de trabalhar, para matar a fome ao mundo.
Para lá da sombra da minha árvore
o horizonte avermelhado fala de sol, de calor e de mar...
mar que nos roubou almas ,à partida, já perdidas...
Para lá das serras e das colinas,
mais outras serras e colinas ainda,
diluídas noutras...e noutras...e noutras-sempre-ainda...
Perto do cume do bosque,caminhos, vielas, atalhos por onde
passamos
humanos, animais, rebanhos, carros de lavoura carregados de ervas
e cereais.
(Tudo bem, Senhor! E o mundo? Onde fica o mundo?)
A alma não queria
trabalhos ...A alma não pensa!
Apesar disso, eu sei que o mundo está onde sempre esteve...
em toda a parte das partes do mundo...
Está onde se ri, onde
se canta, onde se chora, onde se vê
uma criança que foge da guerra ou apanha um tiro, onde se
encontra
um velhinho, coitado, sozinho e desamparado,onde se semeiam
e colhem
cereais, frutos, enfim, tudo o que precisamos...
Além disso,
está em toda a parte
onde parece que Deus
se esqueceu
de sinalização para a felicidade do homem...
Ou não a esqueceu nunca
e fomos nós, os
tantos milhões, que a perdemos
dos contextos da vivência?©
©Maria Elisa Ribeiro
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DEZ-020
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