sábado, 21 de novembro de 2020






 Os meus artigos...

(Embora escrito há 2 ou 3 anos, mantém-se actual)
VAMOS PENSAR “LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE”!!
Vergílio Ferreira, nosso grande escritor existencialista (e não só…) afirma, em “Conta Corrente“, o seguinte: “E é do Não, que souberes dizer ao que te limita e degrada, que tu hás-de construir o Sim da tua dignidade”.
Escritas no passado século, são tão recentes de valor, estas palavras, que me atreveria a lançá-las nos ventos das eras e fazer delas um princípio de todos os tempos, da vida da Humanidade.
É de dignidade que se fala, quando nos oprimem para no-la degradar, quando nos rebaixam para nos escravizar, quando nos querem tratar como não-seres, para que Alguém seja. Se perdermos a Dignidade, perdemos a nossa Identidade e não temos valor.
O mundo tem mudado, assustadoramente. Não damos um passo, sem que nos apercebamos dessa verdade. E damos cada vez mais passos à procura do mundo que cada um de nós perdeu e onde não sei se só a Dignidade conta para o encontrarmos… ou até mesmo para nos encontrarmos!
Tenho a consciência de que me pus a escrever sobre um tema muito sério, que não se pode salvar com lindas imagens poéticas. Sei que o sangue que, nos últimos anos se tem derramado, em nome de valores e causas, sem valor e sem causas aparentes, não tem sido suficiente para afirmar a dignidade de todos os povos; pura e simplesmente, há quem se bata contra a dignidade das sociedades, sem pudor, sem princípios, sem humanismo, com armas na mão, com um comportamento satânico que, não se vendo entre animais, muito menos se deveria ver em seres, que se têm por humanos. Os valores e as causas de uns não são os valores e as causas dos outros, pelo que, cada um se deve bater pelos seus ideais sem implicar seres inocentes em causas que lhes não dizem respeito.
Logo nas primeiras horas, depois do terror se ter libertado pelas ruas de Paris, logo no momento em que víamos as imagens do terror espelhado em todos os olhos, em todas as pernas que corriam, em todos os que se afastavam dos lugares da tragédia, alguns arvoraram-se em corajosos suficientemente loucos, para afirmarem que não se podia mostrar o medo, e que era preciso continuar a lutar contra as forças demoníacas que têm estado, desde há anos, a querer mudar o mundo, como se este estivesse nos anos 700 e 800, depois de Cristo.
Como se pode não ter medo do perigo escondido, das faces sem vulto que atacam à falsa fé, quais serpentes venenosas? Era tudo demasiado bárbaro para não ter medo; já o confessei, sem sombras de vergonha! Por momentos, imaginei-me naquele ambiente de terror…Felizmente, eu não estava lá e sobraram-me as lágrimas de dor!
A França é o país da grande revolução, a todos os títulos, que começou no século XVIII, que correu mundo e que foi um marco divisório da História, ao dar início à Idade Contemporânea: a Revolução Francesa!
Deste acontecimento que teve repercussões em toda a Europa e também no mundo, saiu a ideia revolucionária da junção de três princípios, que deveriam mudar as sociedades: LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE!
O escritor francês Gustave Flaubert dizia: “A Fraternidade é uma das mais belas invenções da hipocrisia social. “
Na realidade, viremos os olhos para a sociedade em que vivemos e tenhamos a coragem de dizer que estas palavras não correspondem aos comportamentos sociais, éticos e políticos de quem nos des(governa)! A serem cumpridos estes três valores juntos, caso fôssemos capazes de os manter unidos dentro de cada um de nós, isso seria suficiente para que pudéssemos viver fora das grades das prisões, longe das armas apontadas à nossa cabeça ou das catanas e facas com que nos podem esquartejar!
Nos meus apontamentos de Literatura americana, dos tempos da Faculdade (há quantos anos, Deus meu…) encontrei uma frase atribuída a Lincoln, que diz o seguinte, do que ainda fui capaz de entender do que nesse tempo, escrevi: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Três palavras que constituem, só por si, se bem pensarmos nisso, o programa de toda uma ordem, que seria capaz de realizar o mais absoluto progresso da Humanidade.”
Da Revolução Francesa herdámos o que deveria ser um novo apregoar desses três princípios que têm (?) regido a Europa e parte do Mundo, nos últimos duzentos anos.
Todos estes princípios se foram transformando em lugares comuns ao longo dos decénios. Onde está a Igualdade, em qualquer sociedade? Olhemos à nossa volta e pensemos…E não é preciso sairmos de Portugal… Onde está a Liberdade, quer na Europa, quer no Mundo, se estamos rodeados de “espias”, “vigias”, câmaras fotográficas, meios de detecção, invasão da vida alheia, meios de comunicação com “OLHO”…Isto, para não falar dos direitos humanos que não HÁ e nos podem levar a cair, à mão de loucos e ditadores!
Ainda sobre a Igualdade, que é a maior das Utopias em que podemos cair. Quem estudou, lembra-se da História de Inglaterra, do caso de Thomas More, filósofo e intelectual do reinado de Henrique VIII, autor do célebre livro “UTOPIA”. Ao estarmos atentos às mensagens subliminares, vemos que o autor falava de liberdade, igualdade e fraternidade. Saibamos lê-lo, nas entrelinhas…
O rei leu a obra de quem todos falavam, chamou Thomas More e perguntou-lhe se ele achava que o rei devia ter os mesmos direitos que os seus súbditos…Perante a resposta do honesto homem de letras e de livre pensamento, Henrique VIII mandou cortar-lhe a cabeça!
Mas não é preciso ir tão longe no tempo, para encontrar situações destas… O que faria a um seu familiar, amigo ou escravo, o louco líder da Coreia do Norte, num caso destes? O que fez Hitler a quem considerava menor, diferente, inferior?
O que fazem, neste preciso momento da Humanidade os seguidores da Al-Qaeda, do isis, do boko-haram, a quem não professa o seu satanismo?
Digamos que a Igualdade, a Fraternidade e a Liberdade estão tão ligados entre si, que só se entendem como um todo! Por isso, se encontram nas lágrimas que choramos pelas vítimas inocentes dos malvados de todo o mundo. Por isso, se encontram, igualmente, na impossibilidade dos pobres em terem acesso aos bens mais imediatos como a Saúde, a Justiça, a Educação, a Alimentação, o Trabalho, etc. É que o Homem não é fraterno, não vê os outros como seus “irmãos”, como gente com os mesmos direitos na sociedade; vê-os mais como gente que tem DEVERES e BASTA!
Termino com uma citação de Henri Barbusse (1873-1935): “ A liberdade e a fraternidade são palavras; a Igualdade é uma coisa. “
ARTIGO DE
Maria Elisa Rodrigues Ribeiro

Sem comentários:

Enviar um comentário