BREVES
O vento vai-me batendo na face quente
rugido a
rugido,sílaba a sílaba, palavra a palavra.
Mas nada leva consigo pois que tudo guardo ciosamente
para o meu amor- que é quem sabe ler-a-interpretar-e-a-viver.
Fora, no recanto do telheiro de onde vejo o dobrar furioso
das árvores,chega esta noite novíssima,carregada de
estranhos
e ocultos murmúrios...
talvez dores dos ramos a bater-lhes
nos corpos grossos e
altaneiros.
As flores, essas, abanam sem partir, pois sua missão é dar
cama aos duendes
adormecidos, aos insectos ensonados e a mim própria que, de
tão cansada,
vou caindo para o lado.
Palavra a palavra, pestana a pestana, olhar a olhar,procuro
fixar a luz nocturna
para a segurar na ternura das mãos ,que nos havemos de
dar...
Rasuro,no chão, com um pauzito,o percurso daquele caminho,
para saber por onde
seguir,
quando o vento quiser
apagar ou empalidecer minha escrita...
NOV/020
Maria Elisa Ribeiro
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