domingo, 29 de novembro de 2020

 






OS BÚZIOS CANTAM DE CORAL JASMIM

 

 

 

É na primavera que a terra canta e as rochas emergem,

procurando fugir ao abraço das ervas rejuvenescidas.

As aves, radiantes nas suas cores flamejantes,

 viajam

pelo tempo

 em demanda de espaços coloridos.

 

Tu e eu

no cimo do monte

perto do céu

mais perto do sol,

 junto à capela dos navegantes

que à noite se comporta como um farol.

 

Nós, colunas humanas abraçadas à voz da areia,

onde os búzios cantam o rumor coral

que se fala

nas ilhas desconhecidas,

para lá do horizonte dos pátrios dramas.

Nós ,colunas humanas,vivemos dos laços com as terras perdidas.

 

Abraça-me...assim...aqui... junto das árvores de frutas delicadas...

Manda embora o vento que me enruga a face e

despenteia os cabelos.

Deixa que sinta o rumor das fortes ondas da tempestade,

que não deixamos de olhar

 com a alegria dos sopros de maresia, a ciciar.

Protege os meus ombros

 do voo rasante das gaivotas bravas...

Dá-me as tuas mãos

 cheias de palavras cobertas de espumas ondulantes,

cinzentas,

que se estendem até ao areal,

 ali em baixo,no fundo da ravina perto do velho matagal.

 

 

 Os ventos continuam a uivar à toa,

sem respeitar o silêncio claustral do monte

onde se podem ouvir os gritos mudos,

 

 

do meu estar-em-ti-comigo-em-mim

 

 

OUT/020

Maria Elisa Ribeiro

 

 

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