quarta-feira, 28 de outubro de 2020

MINHA POESIA:







 OS BÚZIOS CANTAM DE CORAL JASMIM

É na primavera que a terra canta e as rochas emergem,
procurando fugir ao abraço das ervas rejuvenescidas.
As aves, radiantes nas suas cores flamejantes,
viajam
pelo tempo
em demanda de espaços coloridos.
Tu e eu
no cimo do monte
perto do céu
mais perto do sol,
junto à capela dos navegantes
que à noite se comporta como um farol.
Nós, colunas humanas abraçadas à voz da areia,
onde os búzios cantam o rumor coral
que se fala
nas ilhas desconhecidas,
para lá do horizonte dos pátrios dramas.
Nós ,colunas humanas, vivemos dos laços com as terras perdidas.
Abraça-me...assim...aqui... junto das árvores de frutas delicadas...
Manda embora o vento que me enruga a face e
despenteia os cabelos.
Deixa que sinta o rumor das fortes ondas da tempestade,
que não deixamos de olhar
com a alegria dos sopros de maresia, a ciciar.
Protege os meus ombros
do voo rasante das gaivotas bravas...
Dá-me as tuas mãos
cheias de palavras cobertas de espumas ondulantes,
cinzentas,
que se estendem até ao areal,
ali em baixo, no fundo da ravina perto do velho matagal.
Os ventos continuam a uivar à toa,
sem respeitar o silêncio claustral do monte
onde se podem ouvir os gritos mudos,
do meu estar-em-ti-comigo-em-mim.
Maria Elisa Ribeiro

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