terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Um estudo sobre “O Ano da Morte de Ricardo Reis”- Parte 1ª (OBRA DE LEITURA OBRIGATÓRIA PARO OS EXAMES NACIONAIS do 12-º ANO)





LITERATURA PORTUGUESA

Um estudo sobre “O Ano da Morte de Ricardo Reis”- Parte 1ª
(OBRA DE LEITURA OBRIGATÓRIA PARO OS EXAMES NACIONAIS do 12-º ANO)

O Ano da Morte de Ricardo Reis
Romance de José Saramago (Prémio Nobel da Literatura, em 1998),publicado em 1984, cuja personagem principal é Ricardo Reis, um heterónimo de Fernando Pessoa.

Através dos dados biográficos de Ricardo Reis (criados por Fernando Pessoa), Saramago constrói a narrativa sobre um médico exilado no Brasil, desde 1919, por motivos políticos e que regressa a Portugal, em dezembro de 1935.

O romance relata, então, os nove meses passados por Ricardo  Reis em  Lisboa, até à data da sua morte, em 1936.

Quando chega à capital portuguesa, o Poeta instala-se num quarto de hotel
e, posteriormente, num apartamento. Durante a sua permanência em Lisboa, vive situações curiosas: é seguido pela polícia, relaciona-se amorosamente com duas mulheres, Lídia e Marcenda, figuras das suas odes, e recebe várias visitas do fantasma de Fernando Pessoa.

 Em tempo de férias e com uma maior disponibilidade, quer de tempo quer mentalmente, é bom para mim (re) visitar a escrita de José Saramago, um escritor que é prazer ler e descobrir, lendo-o. O Mundo dá muitas voltas! Descubro, então, muitos escritores, de diferentes estilos literários, de diferentes escolas, de diferentes países, como se  se tratasse  de uma volta ao mundo na escrita. É uma obra, a de Saramago, densa, dura, poética e bela, a do prémio Nobel português. A sua escrita satisfaz-me e a mim não faz nenhuma confusão o seu modo de escrever; antes pelo contrário,  os seus livros inspiram-me e as suas histórias completam-me.
O Ano da Morte de Ricardo Reis, como em quase tudo de Saramago, não é um livro muito fácil de ler, é denso e podemos, facilmente ficar perdidos nos labirintos em que o autor nos convida a entrar…Isto, se não formos leitores atentos e interessados.
A história é sobre Ricardo Reis, heterónimo do grande poeta Fernando Pessoa, que regressa a Lisboa na altura da morte do seu criador. E vamos acompanhando a sua vida pelos caminhos de Lisboa à procura da sua redescoberta de Portugal. Mas é então que o autor  nos ensina ,também, um pouco da História recente do nosso país.
 Ricardo Reis recebe a visita do fantasma de Fernando Pessoa e, pelo meio,  vive duas histórias de amor.Começamos a entrar numa história onde se vê uma duplicação de personagens, que ganha uma outra dimensão.
Devo confessar que esta obra não é o meu livro de eleição de Saramago, mas, como Professora de Português, (e principalmente como leitora) é dos mais marcantes  seja  pela história original, seja porque tudo é pretexto para entrar em verdadeiros OUTROS factos da História. Aconselho vivamente a sua leitura, nomeadamente aos alunos dos 12ºs anos, que não se podem cingir a resumos e devem, acima de tudo, PRESTAR MUITA ATENÇÃO ÀS AULAS DE PORTUGUÊS. Para mim, esta obra não é a mais indicada para alguém começar a habituar-se à escrita de Saramago.
Os nossos alunos, no entanto, já estão familiarizados com a verdade da escrita, da falta de pontuação (como foram ensinados a usá-la), na obra saramaguiana.
Durante vários anos, fez parte das leituras obrigatórias a obra “Memorial do Convento”.
--Que lugar ocupa “O Ano da Morte de Ricardo Reis” na obra de José Saramago?
Esta obra, na palavra de vários estudiosos de José Saramago, pode ser dividida em três partes principais:
1ª- Designada por fase da “portugalidade intensa” abrange as obras escritas entre 1977(Manual de Pintura e Caligrafia) e1991(O Evangelho Segundo Jesus Cristo). É uma série de obras que têm, de um modo ou outr, a ver com a História e/ou a cultura nacional sendo, precisamente, nesta parte que se insere o romance “O Ano da Morte de Ricardo Reis.
2ª Esta  fase que compreende as obras entre 1995 e 2004, foi baptizada por Saramago como fase universal e foca a questão da caracterização do ser humano para apelar à imaginação do leitor
3ª Ana Paula Arnauth caracterizou esta fase como a dos “romances fábula”, pois tem uma componente narrativa e cómica mais forte e ainda uma aproximação à Sintaxe e Pontuação tradicionais na Língua Portuguesa.
José Saramago publica “O Ano da Morte de Ricardo Reis” 10 anos depois do 25 de Abril de 1974, factor importante porque permite ao narrador insurgir-se contra todos os poderes absolutos e ditatoriais ,nomeadamente o do silenciamento do povo através do medo, no tempo de Salazar e do Estado Novo, em geral.
--Como podemos classificar a obra “O Ano da Morte de Ricardo Reis”?
Este é um romance que retrata o ambiente da Lisboa de 1936, utilizando um enorme número de dados históricos. Com mão de mestre, José Saramago permite que o narrador cruze factos com pormenores do ambiente histórico daquela época marcante em Portugal, na Europa e no Mundo, sob uma perspectiva dupla: a continuação da biografia imaginada e ficcionada de UM HETERÓNIMO DE FERNANDO PESSOA DEPOIS DA MORTE DO SEU CRIADOR E O CONTEXTO POLÍTICO E SOCIAL DO PORTUGAL DE 1936.
De qualquer modo, o romance pretende denunciar as arbitrariedades dos regimes, as injustiças sociais, o autoritarismo,a falta de democracia e humanismo, ao mesmo tempo que homenageia O POVO, O SER HUMANO, enfim, quem luta para mudar o MUNDO.
Fim da 1ª parte
Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
Mealhada, 26 de Fevereiro de 2019












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