*repousadamente dormias…
rosto debruçado sobre a almofada, dormias…
olhos fechados aos ruídos,
cabelos espalhados sobre a branca dobra
do lençol de linho tecido,
dormias…
mãos alongadas por
teu corpo esguio…
(penso que te
comparei à paz que sentia,
quando o sol lançava faíscas para o novo dia)
*no entretanto,
atravessei searas-de-memória,
apanhei papoilas dos campos da infância,
senti os ventos passarem-com-o-tempo,
subi colinas contigo a meu lado,
vi barcos levados pelas ondas para os mares distantes,
senti teu corpo cheirando a jasmim,
canela, pimenta e marfim…
(repousadamente, ainda dormias…)
*vi o ribeiro do vale onde teu-corpo- de sombra vestido,
amei,
sob uma árvore ramuda, folhosa e verde de vida
que a margem do rio abraçava
no rumor do vale
exposto ao sol, quente ferida na sombra amiga.
(calmamente, acordavas…)
teu rosto corado…
teu corpo alongado
seguia o rio e voltava-se,
rapidamente,
para os braços meus,
teu estuário-cais,
de um “Valha-me
Deus”…
Maria Elisa Ribeiro
Fev/019
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