domingo, 24 de fevereiro de 2019

Poema de minha autoria-Todos os direitos reservados-all rights reserved





O FRIO DAS FLORES
Quem se importa com o frio das flores
quando, manhã cedo, ao acordarem, se queixam
vergadas ao peso do orvalho a da geada?
É que o frio não é só dele!
Pertence a todos…
…à cidade desagasalhada que dorme entre cartões …
…aos seres que dormem sob as pontes descarnadas…
…ou nas entradas dos prédios enregelados…
…e ainda nos frios bancos dos jardins desamparados.
O frio das flores não nos vêm, sequer, à cabeça!
Mas temos o dever de pensar nisso para gritarmos
contra os desmandos e desigualdades sociais de quem caminha
às cegas pelas ruas e alamedas, sem que um fio de luz
lhes cresça na infância e lhes ilumine os passos-para-a-frente
do brilhar das estrelas e do raiar da lua.
Olhos opacos não vêem sob a luz mortiça da dor
das vidas desamparadas,
as infâncias-já-crescidas nas almas friamente adormentadas…
…esquecidas…
flores sem cor,
flores sem abrigo,
flores sem paz,
repousam nos olhos marejados e inquietos da fome
da guerra e da carnificina atroz…
Oh, Iémen…oh, Iraque…oh, Irão…
Oh, Mundo da ferocidade animalesca da falta de Sol e de Luz para agasalhar infâncias…
Maria Elisa Ribeiro
Fev/019

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