sábado, 16 de setembro de 2017










Poema publicado na colectânea "Palavras de Cristal", de "MODOCROMIA EDITORES"--(VOLUME???)

ESCREVO TEU CORPO

Ouço ainda o aroma das rubras pétalas
da noite,
que repousou a teu lado.

São memórias que estão guardadas
no imaculado silêncio do púrpuro cortinado,
enrubescido,
onde permanece o vulto de sermos-um-no-outro.

Adormeço embalada nelas,nessas rosas da lembrança
cujo odor está na vidraça...

Reescrevo o prazer desse tempo,
no leito dos dias,
quando oiço o lamento das cotovias.

Pelos dedos perpassa a ilusão da tua face,
que afaguei,
em secretos atalhos onde me escondi...

Acordo sempre-em-ti,
nos lábios de um sol que sorri,
quando entra pelo cortinado , afogueado...

Depois
...escrevo teu corpo...
...descrevo teu toque
e é com o brilho de teus olhos
que me tapo a nudez...

Na vertente da verde colina-paisagem bucólica!-
um pastor sobe o atalho
com a precisão da normal peregrinação
para o pasto do rebanho...

Tudo é lindo e tudo é vida de brancos, lilases e azuis!
Tudo é sol a sorrir aos charcos e aos ribeiros!

E dentro de mim há um desejo premente de voar
para um infinito-morrer-a-viver-em-ti!

Sinto teus braços-segredo...
...um sopro na minha face...
...um olhar que embriaga, na inquietude da calma...

E minhas pétalas rubras, brancas e de qualquer outra cor,
perdem-se no âmago do teu corpo, amor!

E se o vento fustigar,
eu nem sequer vou ouvir!

Não quero que o teu respirar se confunda com outro rumor...

Maria Elisa Ribeiro-013-Portugal

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