segunda-feira, 18 de setembro de 2017

POEMA de Pier Paolo PASOLINI









Os primeiros que se amam — Pier Paolo Pasolini

Os primeiros que se amam
são os poetas e os artistas da geração anterior,
ou do início do século; eles ocupam
em nosso espírito o lugar do Pai, tornando-se,
no entanto, jovens como fotografias amareladas.
Poetas e artistas para os quais não havia
vergonha alguma em ser burguês.
Filhinhos de papai.
Roupas pobres com sabor de Rebelião e de Mãe.
Poetas e artistas que se tornariam famosos
lá pela metade do século,
ao lado de algum desconhecido amigo de grande talento,
mas impotente para a poesia, por covardia talvez
(os verdadeiros poetas morrem jovens).
Calçadas de Viareggio ou de Viena! Cais
de Florença ou de Paris!
Os fatos ecoando nos passos das crianças
que calçam botas pesadas.
Os ventos da desobediência têm perfume de cíclame
sobre as cidades aos pés dos poetas jovens.
Os poetas jovens que falam e falam
depois de alguns copos de cerveja,
independentes, livres como a pequena burguesia
— locomotiva abandonada, mas ardente,
por certo tempo obrigada a apreciar
a lentidão da juventude: (CONTINUA)

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