quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Poema:Obra Regª























MEU CANTO DE MADEIRA VERDEJANTE

Muitas flores ficam tão mortas no outono,
que não compreendem como lhes é possível voar!


Sei que há rebentos vivos de saudade
espalhados pelos pólenes da primavera que há-de vir
quando o sol decidir iluminar as frestas da terra.
Tantos perfumes andam difusos pelos ares
a escorrer pelas ravinas dos vales da minha pele…

Na ponta dos teus dedos, ao raiar da aurora, voam as letras do meu canto de madeira verdejante, em momentos sempre Presentes-sempre Pretéritos, sempre incandescentes como a boca que te aflora os lábios, aromas de vida –seiva, vermelhos de todas as cores Encarnadas- Encarnando a magia de nossas horas.

Muitas flores morrem nos Outonos.
__________Imensas outras revivem nas Primaveras
_____________ de todos os outros Outonos que estão por vir.

Para não mais voltar-para não mais partir,
______perco-me pelas vinhas de Baco, entre pássaros famintos,
________árvores e rastos de poeira,
__________e vou com o vento buscar o perfume das rosas mortas,
_____________que hão-de engrossar o vinho da última recolha de uvas
________________sussurrantes, nos socalcos do meu Douro.

Na ponta dos meus dedos não te sinto sair do peso dos meus braços-engastes de diamantes, que se prendem aos teus abraços. Estás no tecido da linguagem de uma rota persistente, que espera a chuva de palavras que me sustenta a imagem, de quando vicejas no meio de qualquer paisagem.

Uma ânsia de eternidade vai caminhando a meu lado,
_______descalça nos novos perfumes que pairam no diluído ar,
________ a respirar o fragor de uma nova primavera,
_________sempre na Hora certa de regressar.

Maria Elisa Ribeiro
MAIO/014 —

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