Caminhos que andamos a percorrer.
Tenho para mim que esgotámos o amor. Houve um dia em que alguém dotado de uma centena de camiões TIR entrou num supermercado e disse “quero todo o amor que puderem arranjar”. E levou-o. Transformou-o em filmes, em livros, em canções (em muitas e variadas canções), em séries de televisão, em 788,5 mil milhões de conversas de café, em 80,6 mil milhões de telefonemas, em 7.546 milhões de sms e em 1.547 milhões de emails. Foram-se as cartas, ficaram as Stories no Instagram e no Snapchat, os posts no Facebook, as mensagens no WhatsApp. E quando demos por nós estávamos todos colados ao ecrã que temos na mão. Diz fonte seguríssima que foi lá que viram o amor pela última vez.
A comunidade tecnológica não resistiu ao chamamento emocional da humanidade e depressa começou a desenvolver armas que encontrassem o amor que ainda anda perdido nos camiões TIR. Começou nos sites para conhecer pessoas online, acabou em apps onde basta deslizar o dedo para a esquerda ou para a direita. Diz quem percebe que às vezes é verdade: volta e meia o amor aparece no barulho de uma notificação. Eu, na dúvida, acredito sempre.
As dating apps vieram mudar a forma como nos relacionamos, é verdade — até quando não estamos nelas –, mas não mudam o filtro natural que fazemos das pessoas por quem nos interessamos. (Era bom, não era?) A Appetence é a mais recente novidade do mercado, lançada no ano passado por dois empreendedores espanhóis e uma britânica. Confesso que não conhecia, mas a Carolina Branco explica tudo sobre a app que não acredita no amor à primeira vista aqui. A psicóloga Lurdes Leal explicou-lhe que coisa é esta de “habitar o amor” na era digital e agora fiquei com pena: devia ter substituído os camiões TIR por casas. Afinal, é de uma morada que andamos quase todos à procura.
Tenham uma ótima semana. De amor. Até terça
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