sábado, 25 de fevereiro de 2017

Poema...



















QUANDO A PROSA ME INVADE A POESIA


(O DIA ACABOU NO MEU-VENTRE-SÓ)

Os ventos anunciam, com fragor, que as águas do mar não poderão dormir, esta noite.
Fico assustada…
_____________ terás que atravessar a madrugada,
______para te vires sentar à lareira acesa do outro lado do Outono,
___perto do odor das framboesas maduras
que a estação vai espalhando pelo solo.

O silêncio recorta margens-de-vento no tempo,
e até os espelhos se desfazem em estilhaços de luz,
quando chamo pelas asas brilhantes das estrelas,
que brilham na rota que te conduz.

Grito teu nome no vazio da lua…
Ordeno à lareira que se mantenha acesa…
O dia acabou…meu ventre está só…sento-me à mesa…ESPERO.

Tímida,
___________a lua promete que vai aparecer,
________ para abrir a página do livro onde,
_______ em palavras sensíveis,
___ te vou OLHAR, te vou SABER, te vou ESCREVER.

Na ponta dos dedos que te não sentem,
afago a pedra do meu sono-no-como-te-vivi…

A noite engrandece as proporções geométricas da janela por onde espreito. À luz da vela da lareira acesa, vejo o rumor das árvores a balançar na alma da montanha onde a vida flui, como rio que leva o silêncio do sol para o ventre de uma flor, que cresce.
Só a tua sombra não aparece…

E o dia vai acabar só, no meu ventre, nos meus cabelos, nas minhas mãos que querem escrever-te- na noite que apetece…No sangue marinho do anoitecer ficaram frutos de jade e pérolas de neve-a-escurecer.
Desorientada, a música perdeu-se nas pautas de solidão e os astros deitaram-se no leito de alabastro das nuvens, onde as palavras não florescem.

Na ponta dos dedos que te não sentem, vejo teu rosto-só na noite em que os ventos uivam, em que as aves não voam, em que –talvez- não atravesses o ventre da montanha... para que
te possa OLHAR …te possa SABER…te possa ESCREVER…

Maria Elisa Ribeiro
Jan/015
Foto Google

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