terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Poema do nosso Raúl Proença



De Raúl Proença, in Net:

Quantas de vós também, lindas crianças,
Que arquitectais angélicas esperanças
No vosso coração,
Não ides perfumar as sepulturas,
Com as frontes virginais, as formas puras,
No pequenino leito dum caixão!


Pensai: quantas de vós ouvis os sinos
Em desejos divinos,
Em ilusões celestes,
Para num dia puro, luminoso,
Cingindo as alvas vestes,
Serdes levadas pelos sons dos sinos
Para os canteiros dum jardim frondoso
De rosas e ciprestes!

E vós ides, extáticas, inermes,
Contrair os funéreos esponsais:
Sugar-vos-ao o peito os frios vermes,
Terão convosco amores os vegetais.

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