terça-feira, 22 de setembro de 2015

No Jornal "SOL"- Portugal


Política
Passos e Portas em modo TV rural com aplausos de paquistaneses



Margarida Davim |
21/09/2015 20:24
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A coligação assegura, porém, não estar a fugir ao contacto com as populações e garante que os próximos dias serão a prova disso
José Fernandes/SOL










“Mostrar o Portugal de sucesso” é, segundo a organização da campanha da coligação, o objetivo das visitas que Passos e Portas têm feito a vinhas, campos de milho, tomatais, lagares de azeite e estufas de frutos vermelhos. Longe das ruas, a Portugal à Frente segue pelos caminhos rurais a mostrar o sucesso do programa PRODER, uma agricultura moderna, virada para a exportação e capaz de gerar emprego… mesmo que seja para paquistaneses, nepaleses e indianos.


De turbante na cabeça ou vestes tipicamente muçulmanas, os trabalhadores vindos da Ásia para a Quinta da Campina da Luz, em Tavira, esperavam ansiosamente o primeiro-ministro

De turbante na cabeça ou vestes tipicamente muçulmanas, os trabalhadores vindos da Ásia para a Quinta da Campina da Luz, em Tavira, esperavam ansiosamente o primeiro-ministro. Garantiam saber quem era, fizeram questão de o seguir de telemóveis na mão, a tirar fotografias, e até de o aplaudir à saída.

Numa espécie de placard improvisado, feito de arames esticados, os seus nomes impronunciáveis eram a maioria, entre dois ou três portugueses. É lá que todos os dias vão ver se têm trabalho.

Se estiverem a cumprir os objetivos de produtividade, têm direito a trabalho: a 2,28 euros à hora.

O valor é baixo, mas um indiano garante estar “muito satisfeito”. De Português só sabem umas quantas palavras, o inglês também não dominam, mas um paquistanês garante que consegue ganhar 500 a 600 euros por mês. “Depende”. Está contente.

O trabalho esse depende dos ritmos da colheita. Uma situação que, aponta o deputado social-democrata, Cristóvão Norte, faz com que seja um perigo a proposta socialista de penalizar na TSU as empresas com grandes índices de rotatividade de trabalhadores.

“Para uma empresa agrícola, com este grau de sazonalidade não faz sentido”, critica o candidato por Faro, explicando que a medida proposta por Costa penalizaria especialmente o Algarve, também por causa do turismo. “Chamamos-lhe o imposto do bom tempo”.

Desde sábado, a agricultura tem sido o prato forte do discurso da coligação. De Almeirim a Tavira, passando pelo Cadaval e por Beja, Passos Coelho e Paulo Portas têm lembrando a plateias rurais o sucesso que foi a negociação do “envelope de ajudas” para Portugal em Bruxelas, a taxa de 100% de execução dos fundos do PRODER, a abertura de 75 novos mercados para produtos agroalimentares portugueses e a conclusão do parecelário – cuja execução deficitária feita no tempo de Sócrates ainda custa dezenas de milhões de euros de multas a Portugal todos os anos.

“Os socialistas não acreditavam na agricultura”, dizia Passos na Casa do Cadaval. A coligação faz questão de mostrar que não pensa assim.

No segundo dia de campanha, a primeira paragem foi num complexo de produção de azeitona que exporta cerca de 80% do azeite que produz ee aumentou a produção graças às ajudas do PRODER, em Beja.

Uns quilómetros mais a sul, Tavira é outro caso de sucesso.

Num e noutro caso, as herdades ficam bem longe das ruas e dos protestantes que, horas mais tarde, esperariam a caravana da coligação em Faro, por causa dos cortes no ensino artístico.

A coligação assegura, porém, não estar a fugir ao contacto com as populações e garante que os próximos dias serão a prova disso. Amanhã a PàF segue para Barreiro, Montijo e Setúbal, onde o poderão provar.

margarida.davim@sol.pt

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