Três economistas, entre eles um perito em contas nacionais, dizem que políticas da crise "expropriaram" rendimentos dos trabalhadores
Crise tirou 3,6 mil milhões aos salários e deu 2,6 mil milhões ao capital
Pedro Passos Coelho
Jorge Carmona/Global Imagens
21/06/2014 | 00:01 | Dinheiro Vivo
Entre o início da crise financeira de 2007/2008 e o final de 2013 assistiu-se, em Portugal, a uma transferência de riqueza do factor trabalho para o capital de grandes proporções, indicam vários economistas.
Pedro Ramos, professor catedrático da Universidade de Coimbra e antigo director do departamento de contas nacionais do Instituto Nacional de Estatística (INE), fez os cálculos e apurou que o peso do trabalho por conta de outrem e por conta própria desceu de 53,2% do produto interno bruto em 2007 para 52,2% em 2013.
Já o excedente de exploração (rubrica que reflete a remuneração do factor capital) - apesar da grave crise que se abateu sobre o Estado, os bancos e as pequenas e médias empresas - aumentou o peso na economia de 27,8% para 29,7% do PIB. As rendas, que traduzem grosso modo o valor da remuneração do imobiliário, avançaram de 5,8% para 6,2%.
Cálculos do Dinheiro Vivo com base naqueles dados, evidenciam que, em termos nominais, o factor trabalho (no qual até já está contabilizado o enorme aumento de impostos dos últimos anos) conseguiu perder 3,6 mil milhões de euros. Já o excedente do capital engordou 2,6 mil milhões de euros.
As contas do economista foram apresentadas em primeira mão, esta semana, no colóquio "A transferência de rendimentos do trabalho para o capital", organizado pelo Observatório sobre Crises e Alternativas, ligado à Universidade de Coimbra.
Nesse encontro, Pedro Ramos, especialista em contabilidade nacional, avançou com esta análise "pouco comum": o PIB na ótica dos rendimentos. As abordagens normais publicadas pelo INE (óticas da procura e da oferta) não permitem este tipo de análise mais fina.
E depois de fazerem tanta asneira ainda continuam a gritar que a culpa foi dos que lá estiveram antes.
ResponderEliminarInfeliz povo que tais governantes elegeu...
Meu caro, asneira foi deixar um país falido e vésperas de não conseguir pagar ordenados aos funcionários públicos e pensionistas.
ResponderEliminarTal como asneira é pegar num país em crise mas com perspetiva de crescimento de curto prazo e em seis meses afundar o PIB em -3%. Não estou a falar da Venezuela, nem da Albânia...