quinta-feira, 26 de junho de 2014

Poema de Maria Elisa Ribeiro

POEMA:

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Nasci numa Língua, que é Pátria-em-Mim.

Levanto-me e, muda, declamo, em surdina, essa Pátria
que não soube inventar.
Ouço logo a voz do mar a saudar pinhais
do tempo de Diniz, o Trovador,
pela pena de Camões, épico-vate-da Terra-Dor.

Nasci numa Língua, que sabe de cor a Saudade e o Amor!

(A Saudade, não a vejo, que se perdeu a navegar
em bolhas de maresia de uma bruma vazia
que se diluiu no mar.)

Canto-a nos crepúsculos dourados
---------na suave música do Tempo passado
--------no indecifrável sorriso das ondas
que deslizam nas paisagens das ânsias-a-pular- Distâncias…

Ouço-a a ondular pés-de-trigo nas mãos de Florbela…
…nas árvores que ela chorava na ruína do calor
--------------------------------de que sofria a seara,
--------------------------------louro mar de grão e ardor.

Vejo-a, no quarto escuro, de luar iluminado…
…na Linguística e na Prosódia do texto sonhado…
…amada nave de Alcobaça…vertical colunata de
…rosácea bordada da Batalha, perto do Tejo que passa…

Nasci numa Língua que é poema das alturas…
…rica de estruturas de um segredo organizado,
num mundo que é Pátria-em-Mim.

Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
Junho/2014

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