quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O pensamento do filósofo cristão Gabriel Marcel (1889-1973)-
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"O pensamento de Gabriel Marcel

O problema e o Mistério: Pode-se dizer que um dos pontos básicos do pensamento filosófico de Marcel é a distinção entre Problema e Mistério, diz ele, segundo Giordani: “Isto se refere à distinção central para mim e que me aparece hoje como pressuposta, na realidade, em todo o conjunto de meus escritos filosóficos, embora só em outubro de 1932 se tenha formulado de modo expresso: Distinção do mistério e do problemático. O problema é algo com que nos encontramos, que nos corta o passo. Está inteiro diante de mim. Ao contrário, o Mistério é algo em que estou metido, cuja essência, por conseguinte, é não estar inteiro diante de mim. É como se neste contexto a distinção do em mim e do ante mim perdesse seu significado” (GIORDANI, 1976. p. 120). Quer dizer, um problema é, pois, algo que encontro diante de mim, que posso objetivamente delimitar e reduzir. Um mistério é algo em meu próprio ser está implicado e comprometido. Diante do problema minha atitude é a de um simples espectador: no Mistério eu mesmo sou o ator.

Marcel observa que para o racionalismo, que explica os efeitos pelas causas, tudo no mundo é completamente natural. A zona do natural coincide com a do problemático. Tentação de transformar o Mistério em um Problema, de degradá-lo a simples problema.

Todo o sobrenatural é Mistério, mas nem todo Mistério é sobrenatural. O mistério, segundo Marcel, é algo que está em mim, algo em que eu mesmo me encontro em que estou envolvido, e que, portanto, não pode ser oposto a mim. Ao passar do Problema para o Mistério, supero o alheamento, não havendo mais a distinção entre o em mim e o ante mim, entre o fora e dentro.
Ser e Ter:
A distinção entre Ser (être) e Ter (avoir) é fundamental na ontologia de Marcel. É bem verdade, que esta distinção nasce da dupla experiência de meu corpo e do fato de pertencer eu ao mundo onde se encontra os instrumentos de minha existência. Ter diz respeito a coisas que me são externas e que de mim não dependem, embora eu seja proprietário das mesmas e possa delas dispor.

Marcel distingue duas formas de ter: o “avoir-possession” e o “avoir-implication”. O primeiro é o Ter possessivo que só se realiza onde há fora e dentro em recíproca tensão: “um certo quid se relaciona com um certo qui tratado como centro de inerência ou de apreensão. Exemplo: eu tenho uma bicicleta. O segundo é um Ter implicativo ou incluso: assim, por exemplo, um corpo tem propriedades; o que significa que tais propriedades ou lhe são intrínsecas ou nele radicam: “quando digo que tal corpo tem tal propriedade, esta me aparece como interior ou como enraizada no interior do corpo que ela caracteriza. Observo, de outro lado, que não podemos pensar na implicação aqui sem a potência, por obscura que seja esta noção” (GIORDANI, 1976. p. 123).

Já o Ser, para Marcel, é aquilo que oferece resistência a uma analise exaustiva orientada para os dados da experiência, pois do Ser não há experiência alguma. Marcel considera inseparável a existência, a consciência de si como existente e a consciência de si encarnado. Para Marcel, a união da alma com o corpo não é essencialmente distinta da união da alma com as demais coisas existentes: afirmar a existência de uma coisa é como afirmar não só que essa coisa pertence ao mesmo sistema que meu corpo, mas que está também, de certo modo, unida a mim como meu corpo."(...)

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