segunda-feira, 4 de novembro de 2013

POEMA: DECLINA A TARDE...
















DECLINA A TARDE, NUM OUTONO…





Declina a tarde na suavidade do Outono.

A claridade foge para o anoitecer e vamo-nos tornando sombras a repousar o olhar nas folhas amarelecidas prontas a adormecer nas asas de um tempo curto que voltará a sorrir*



Gritam, as árvores, o secreto furor de rejuvenescer.



Despidas de velhas memórias das sonoridades dos raios de luar órfãs da verdura do incenso das madrugadas correm, calmas, para a alma da nova Primavera*



A palpitante face dos crepúsculos começa a descer as escadas do sol, deambulando, lentamente, pela terra adormecida, até ao momento da descida dos orvalhos*



Uma corola erecta inspira os pássaros que, possessivos, guardam o cio para o tempo dos perfumes das flores-a-abrir, em labaredas de cores*



Olhos de escuras crateras lançam-se pela vastidão das clivagens solares dos horizontes das begónias, abraçadas às náiades-fontes*



Feiticeiras papoilas perseguem o odor das rubras rosas, a dormirem no vermelho -paixão que me repousa em páginas de caligrafias loiras, maceradas por sílabas nuviosas*



Um farol acorda mais cedo a espalhar luz no azul negro do mar, onde sonâmbulas pedras, impelidas pela força das marés, rebolam sobre as ondas lambidas de musgo e espuma e se deitam na bruma das gotas-a-naufragar*



Doirados ares do anoitecer recolhem na pressa do amanhecer, grávido das árvores-a-camuflar-polpas-a-amadurecer*

Melódico crepúsculo de saudáveis estrelas soa ao ouvido da soberania versátil dos rasgos de nuvens*



É Outono! Declina a tarde numa suavidade monocórdica de tons e de sons!





Maria Elisa Rodrigues Ribeiro

(MERR)-

REG: CR/8/ (VDS)-SET/(3) /2013


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